17 de dez. de 2010

10 de dez. de 2010

Ao que sente

Ao meu pai, que me ensinou sobre mergulhos; nas águas, na ciencia, na vida, na arte, no eu. Ao mar que perdoa tudo. Ao azul que liberta. Aos buracos negros e também aos seus mistérios. Aos cumes e entre eles aos negativos , que me seduzem em especial. Aos folegos roubados e ao deleite que despertam no corpo. Ao sal no corpo. Ao corpo. Ao silencio e ao realce que empresta aos olhos e coracao. Aos saltos, às quedas, aos pés no chao. Aos retornos impossiveis. Ao reecontro, ao direito, à conquista da superficie depois de viver tamanha profundida.

28 de nov. de 2010

23 de nov. de 2010

Ao ex amante, ao novo amigo, a carta velha e guardada que encontrei

Nao, I´m really sorry, mas acho que nao posso. Nao consigo, nao sei. I´m sorry, mas nao me é possivel. Ou nao estou pronta. Nao pra voce, mas pra mim, o que é muito mais grave. Nao quero. Talvez precise, mas nao sei como, nao sei por onde. Ou nao me cabe, nao me pertence. Fique com isso tudo pra voce, ou entregue a quem saiba compreender-te. Pois eu nao sei nem de mim, e com voce me tornei mais complicada a mim mesma. E já me bastavam as velhas e gastas complicacoes. Ha coisas, muito antes destas, a serem tratas e compreendidas. Sou crianca e me deixe ser.

22 de nov. de 2010

A vida que me pertence no presente momento

O suvaco peludo, o mau humor, o esmalte descascado, as meias sem par. A boemia incessante, a sindrome de Peter Pan. A negacao ao casamento, à rotina, à obediencia e à normatizacao. O nao pelo nao, a birra. O sim, pelo sim, a indiferenca. O vício pelo café, pela alcool, pela noite e outras cositas mas. A inconstancia, a descerimonia. A vadiagem, o desapego, a preguica, o sono profundo, a afetacao. A solidao, a dúvida, o questinameto. A alienacao, o esquecimento, a busca, o ingenuo mas ativo engajamento. O mes carente de fim de semana e de segunda-feira também. As dividas, as calcas curtas, o dinheiro nao poupado, o tempo gasto até o último vintém. O quarto do avesso, as diferencas acertadas, as pequenas comunidades, as áreas comuns. O eu, o outro, o nós. As disciplinas pessoais, os limites, as forcas. Os desentendimentos, os diálogos, a impermanacia, a partida e o ficar. A inseguranca, a carencia. O teto, o cobertor, o carinho, a geladeira, o calor e a banheira dividos em muitos sem quase nao faltar nada à ninguem. Os jantares sem ocasiao, a luz de vela. O sexo sem dono, o coracao ocupado. Os incontaveis passados, o único presente, o futuro impensado. As possibilidades, o anonimato. Os semi-empregos, a vida paralela, os projetos, crencas, aspiracoes e frustracoes tao sortidos quanto pessoais. O tempo livre, a fadiga, a tosse, o nariz escorrendo. As contas, a roupa de cama e banho, a louca, pecas de jogos incompletos, guardados com singela ordem num único armário de todos. As mentiras sem maldades, as verdades insensieis. A arte, o casameto político, as amizades adiplomáticas. O medo e a coragem, as paredes sem acabamento. A indiferente opcao sexual e sua maleabilidade. A experincia, o cansaco, o abatimento. A fuga, a fulgacidade, o desassosego. A vida que me pertence no presente momento.

Cheguei a Berlin vestida de planos de fachada, corregando na mala todos os meus segredos. Era 29 de fevereiro, dia quase inexistente em calendários. Entrei por ele - porta que se fechou às minhas costas - num mundo paralelo, tao meu quanto de ninguém, tao sem dono como todos. Serviu-me como que feito por medida, nem pequeno nem grande. A mágica de ter todo e apenas o tamanho que merece, espacoso o suficiente para que nao transborde às linhas alheias, estreito o bastante para que nao me afrouxe à cair.

E sumi na multidao.

21 de nov. de 2010

Domingo

Sao 17:45, mas a escuridao é de meia noite. Faz tres graus e reconheco em mim habitos antes impensaveis. Os daqui falam sobre os prazeres do ar puro do lado de fora quando em dias gelados. Domingo. Comeco de inverno e baixa temporada. Estou trabalhando pela primeira vez sozinha no hostel. Uma paz e quietude do dia em que até Deus descansou. No hall somente eu e talvez alguns hospedes calados sentados aos computadores. Trouxe na bolsa um bom livro. Encotrei na internet o PFD de outro a que pensava comprar. Escrevo. Na rádio, melodias e poesias brasileiras. A solidao pode trazer tanta calma, tantas liberdades. Acabo de voltar de um cigarro. Sim, eles tem razao, respirar dessa ar é como beber agua fresca da bica. Mas narciso acha feio o que nao é espelho. Tardo, mas surpresa me alegro em ver que nao falho na transformacao. Pouco a pouco, volto sempre a ser quem nunca fui. A lua, no ato máximo de cheia, tao baixa e grande que pode ser mal interpretada. Disseram-me uma vez que quando ela se encontra em tal estado, faz-se por ela pedidos a Iemanja. Pois, sim. Que me faca forte e justa. Além disso, só quero saúde. Amém.
"Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características
psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada
capacidade para a devoção. Os lobos e as mulheres são gregários por natureza,
curiosos, dotados de grande resistência e força. São profundamente intuitivos e têm
grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e sua matilha. Tem
experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Têm uma
determinação feroz e extrema coragem.

No entanto, as duas espécies foram perseguidas e acossadas, sendo-lhes
falsamente atribuído o fato de serem trapaceiros e vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor do que seus detratores. Foram alvo daqueles que prefeririam arrasar as matas virgens bem como os arredores selvagens da psique, erradicando o que fosse instintivo, sem deixar que dele restasse nenhum sinal. A atividade predatória contra os lobos e contra as mulheres por parte daqueles que não os compreendem é de uma semelhança surpreendente."

Trecho do prefácio de Mulheres que correm com os Lobos
CLARISSA PINKOLA ESTÉS

O livro inteiro está disponível em PDF
http://veterinariosnodiva.com.br/books/MULHERES_QUE_CORREM_COM_OS_LOBOS.pdf

9 de nov. de 2010

Amor e meeeeedo

"Narrador
O amor elimina o medo, mas reciprocamente o medo elimina o amor. E não apenas o amor. O medo elimina a inteligência, elimina a bondade, elimina todo pensamento de beleza e verdade. Só persiste o desespero mudo ou forçadamente jovial de quem pressente a obscena presença no canto do quarto e sabe que a porta está trancada, que não há janelas. E então a coisa acomete. Ele sente uma mão na sua manga, respira um bafo fétido, quando o ajudante do carrasco se inclina quase amorosamente para ele (...). E o medo, meus bons amigos, o medo é a própria base e fundamento da vida moderna. Medo da tão apregoada tecnologia que, enquanto eleva o nosso padrão de vida, aumenta a probabilidade de nossa morte violenta. Medo da ciência que arrebata com uma das mãos ainda mais do que tão prodigamente distribui com a outra. Medo das instituições manifestamente fatais pelas quais, em nossa lealdade suicida, estamos prontos a matar ou morrer. Medo dos grandes homens que elevamos, por aclamação popular, a um poder que eles usam, inevitavelmente, para nos massacrar e escravizar. Medo da guerra que nós não queremos e todavia tudo fazemos para desencadear."

6 de nov. de 2010

Caítulo XLIII - Voce tem medo?

"De repente, cessando a reflexao, fitou em mim os olhos de ressaca, e perguntou-me se tinha medo.
- Medo?
- Sim, pergunto se voce tem medo.
- Medo de que?
- Medo de apanhar, de ser preso, de brigar, de andar, de trabalhar..."

19 de out. de 2010

E como!

Uma voltinha pela minha classe de alemao, que tem o formato de U e que se fecha com o professor - alemao, naturalmente -, uma voltinha rapida pelo mundo. De uma ponta a outra, segue-se assim: Espanha, China, Itália, Argentina, Yemen, Franca, Brasil (eu), Coreia, Itália, China, Austrália, Franca, Líbano, China, Israel, Itália e Alemanha. Só quando realmente paro pra ver é que me espanto. Como na primeira vez que senti isso, ha exatos dez anos, quando comprando os tickets de metro para DC, um casal de velhinhos nos perguntou de onde eramos e foi um susto geral, para eles e para nós. Depois de um ano nos E.U.A, escrevi pra Rene, nossa coordenaora de area, agradecendo por me mostrar que o mundo era finalmente aos meus olhos pequeno e grande ao mesmo tempo. Ate hoje nao sei explicar essa sensacao. Mas tem a ver com conhecer pessoas de lugares tao distantes, mas que ao mesmo tempo sao tais como eu. Na maior parte do tempo, nao eramos de país nenhum, eramos adolescentes iguais entre si e comuns a todos os outros. Assim como hoje, o que muda é a origem, mas o cume me pareceu o mesmo!

E como estou nessa onda, e como estou fazendo aulas de swing, e como tenho visto em abundancia calcas curtas, suspensorios e chapeuzinhos de vovo, e como tenho ido muito a shows de bandinhas de clown Jazz, e como acabei de falar com a Pi, e como estou nessas de conhecer outras que nao a musica brasileira, e como Eve, a francesinha que foi minha dupla ontem, me indicou e eu gostei - do clipe, da música e principalmente do nome da banda - , com voces, Les Ogres de Barback

Les Ogres de Barback - Contes, vents & marées

14 de out. de 2010

Ontem

Ontem lembrei de voce. E isso acontece bastante. E acho uma pena nao poder te falar -voce já sabe, nao preciso dizer. Mas entendo, entendo muito bem. E respeito. E nao contesto mais porque também já nao sei se seria melhor se fosse diferente. Só que ontem foi legal de mais, merece a notícia. Fui naquele bar sobre o qual muitas vezes te falei. Aquele onde os músicos chegam já na alta noite, depois de tocarem "oficialmente" em outros cantos mais serios e caros, aquele onde eles nao trabalham, se divertem. Fazia tempo que nao ia lá e notei sem tristeza, como quem aprendeu que o tempo passa e muda tudo e que isso nao é necesariamnete ruim, que o bar já nao é o mesmo. O palco nao estava tao cheio como antigamente nem tao pouco estava a plateia. Nao foi aquela sonsera que me fez agradecer a deus tantas vezes. Nao estavam mais lá o baixinho monstro do trompete e seus tres seguidores, nem o percursionista da costa do Marfim ou o bachista de Mocambique. Mas tinha uma banda animada, que jamed o suficiente pra acordar a minha alma, me fazer sorrir sem pausa e dancar com o corpo solto e alegre. E tinha um cara - e é ai que eu queria chegar - do Ira. Um palhaco de música. Nunca tinha visto isso, arrepiante! Ele improvisava com o improviso da banda e era de gargalhar. Foi incrivel de ver como ele sentia a música e brincava com ela. Como fazia piada com os sons e fez fazer sentido unir palhaca com jam session. No final, feito crianca, fui encantada falar com ele e descobri que viaja pela europa performando em shows e festivais. Um mambabe, todo em si o circo, sozinho como cabe bem aos palhacos, fazendo palhaca com música. E como nao poderia ter sido diferente, lembrei de voce. E como dito, isso acontece bastante.

Descobrindo as divas - I

Meu pai sempre gostou de Billie Holiday. Falava nela, colocava pra tocar no radio, dancava e cantava numa melacao gostosa. Chegava até a me despertar curiosidade, mas era passageira. Eu andava tao ocupada descobrindo a música brasilera, que nao sobrava tempo, coracao, olhos ou ouvidos para outra coisa. Quando cheguei em Berlin continuei me ocupanado dela, usando até de mais dedicacao, liberdade e independencia. O primeiro ano foi de uma solidao tao absoluta e desconhecida, que fiz de Caetano, Joao Gilberto, Angelo Roro, Rita lee, Tim Maia, Secos e Molhados, Marisa Monte, Maria Bethania, Baden Powel e tantos outros, minhas únicas, mas confortávies companhias. Quis até escrever-lhes cartas falando de todo meu amor e gratidao. Noites seguidas, madrugadas a dentro, trancada sozinha no meu apartamento de sala e quarto, separada do frio que fazia lá fora, da Berlin que fazia festa, do Brasil que continuava por de tras do Alantico, da vida alheia que nao parava com a pausa da minha, do mundo todo que seguia rodopiando sem que eu o notasse. Nao sei quem era mais indiferente a quem, se ele a mim, ou eu a ele. Sei apenas que me bastavam a cerveja, o baseado, os cigarros concecutivos e esses brasileiros e suas músicas. Nesse comeco nao fiz muito alem disso. Eram conversas longas, descobertas. Nao me faltava carinho. Eu nao precisava dizer nada e sentia como se eles me entendessem, me notessem, me consolassem como ninguém. Ri, me arrepiei, chorei, dancei, gargalhei, desacreditei, interpretei alto e despreocupada, tantas vezes! Ia dormir farta e morta de cansaco. Foi um tempo assingular, de encontro. Uma meditaca as avessas, que gosto de chamar até de descontrucao. Hoje me parece distante, unclear. Quando saí do casulo, voltei ao mundo, reencontrei os outros, a realidade a minha volta falava outras línguas, dancava outros sambas, cantava outras dores. E tudo que eu acumulara, nao apenas no ano postumo, mas em todos os outros antecedentes a ele, tinha valia e identificacao somente a mim e a um lugar abandonado. Era novamente em branco. E com todo desacostume social que o isolamente me causou, estranhei de mais toda a novidade. Ainda tive o despreendimento de bater os pés e rechacar, mas a fase era morta. Chegava enfim e de novo a hora de abrir e dividir. Permitir o encontro. E para chegar mais perto de toda essa gente que de uma hora pra outra comecava a fazer parte da minha vida, eu tinha, antes de tudo, que compreender a sua música. Nao foi fácil. Além de bloqueada eu andava exigente e preconceituosa. Nada se comprava a poesia de Chico, ao violao de Baden, a sensualidade e Caetano, a forca de Bethainia ao balanco de Jorge Ben, a voz de Elis. Nada entrava de verdade na minha alma. Achava tudo mais-ou-menos, descartavel, pobre e superficial. Até recorrer a um passado, talvez como o meu brasileiro, mas desse vez de todo mundo. E comecaram aos poucos a chegar aos velhas, mas boas novidades.

The Blues are grewin ao som de Billie Holiday me deu tanta extase quanto descobrir Oracao ao Tempo de Caetano ou Samba Triste de Baden. Tem tanto sentimento, blues e música quanto. E a letra - meu deus a letra - fala pra mim tanta verdade...

Billie Holiday

8 de out. de 2010

Work

Amused by Google

Tenho um certo nojo de grandes empresas, mas tenho que admitir o pau que pago pro google, pricipalmente pros abres especias que eles fazem de vez em quando. Em 7 de setembro, por exemplo, foram as bolinhas coloridas em comemoracao ao aniversario da homepage. Uma coisa incrivel, na passagem do mouse, elas se espalhavam por toda a tela do computador . A coisa foi tao incrivel e tao genial, que passamos o dia no trabalho pirando nelas. E quando tinhamos que realmente procurar alguma coisa, ficavamos tao hipnotosados com a brincadeira que até esqueciamos o verdadeiro proposito da pesquisa.

Amanha John lennon faria 70 anos e o google fez como homenagem um abre animado com imagine. Nao sei porque no google brasil nao aparece, mas em www.google.de da pra ver.

John Lennon Google Doodle

Google's birthday

Fofo!

Levou o premio, mereceu e ainda elogiou a literatura brasileira, falando de euclides da cunha e guimaraes rosa. So esqueceu de machado de assis...

http://terratv.terra.com.br/Noticias/Mundo/4201-325727/Apos-ganhar-Nobel-escritor-elogia-literatura-brasileira.htm

7 de out. de 2010

Auto-reconhecimento

Ontem me reconstatei de mim mesma. Me revi como antes e nao gostei. Menti pra mim mesma, acreditei no amanha e tremi frente ao hoje, deixando mais uma vez para mais tarde a aula de alemao - que, pelos meus planos, deveria ter comecado na segunda-feira. Me senti pequeninha e infantil frente ao mocinho que comeco a conhecer e voltei pra casa avoada como uma menina crianca, decepcionada com a velha fraqueza de enfrentar o que vem. Chegando lá encotrei meu quarto em rotineiro caos. Nao importa quantas vezes eu o errume e o quanto arruma-lo me encomode, ele esta inevitavelmente sempre do avesso. Me deparei com uma conta astronomica de 1000 € do antigo apartamento que, mesmo depois de um ano, continua a me assombrar. It seems like you had a extremely high consuming of heizung, disse o Batti com o papel na mao. Nunca funcionou comigo o alarme geral. Eu, na minha teimosia ignorate, continuava usando o aquecedor no máximo, deixando ferver o quarto com uma arrogancia burra e suficiente para ainda, na época, dar risada do caso. Quero ver voce rir agora, Fernanda. É, ontem me reconstatei de mim mesma.

Eou sou a desordem. E isso, poeticamente, pode soar pronfundo a até se-lo. Mas é defeito e nao qualidade, atraso de vida e nao inspiracao. Eu sou a irresponsabilidade. O que, nos dias de hoje, com a epidemia geral dos politicamente corretos, pode até ser levada como contraversao. Mas sao caras de mais as consequencias que vem dela e temo profundamente nao ter pago nem a primeira parcelas das irresponsabilidades que já comprei. Eu sou egoista, preguicosa, mentirosa, edonista, beberrona, mimada, fingida, fofoqueira, interesseira, compulsiva, insensivel, arrogante, preconceituosa, superficial, desequilibrada, inconstante, mesquinha, insegura e fóbica social. E acho melhor parar por aqui antes que tenha que incluir também depressiva.

5 de out. de 2010

Saudades

Felicidade é droga poderosa, vicia quase instantaneamente. Eu sou dependente. E me pego querendo mais e mais e em doses cada vez mais cavalares. Um perigo!!!! Nao é raro, quando depois de uma noite mágica, que eu acorde ransinsa, embebida e cobrada por uma abstinencia. Acho essa minha ansiedade um tanto infantil. Minha mae certamente se irritaria dizendo que é desiquilibrio, histeria. E é, fazer o que? Em algumas dessa manhas até conseigo me recobrar, me reunir e tratar de resolver pendencias - que ficam esquecidas de lado no barato da felicidade. Em outras, no entanto, fico só mesmo, com as dores e vazios da abstinencia. E deixo até que venha, sem resistencia, para nem me atrever a falar em luta. O que pode acontecer, no entanto, é dela aparecer nessa horas de supresa, em coisas pequenas, quando estou careta. Ai é só delicadesa. Como quando abri minha caixa de e-mail e encontrei, um seguido do outro e com o mesmo título Saudades, os seguintes emails:

Ola filha, como vc vai ai no Alemanha ? Schonheit ?

Estou com muita saudade e vejo Fevereiro longe. O tempo é uma questão de ansiedade.

Bem as coisas aqui estão assim:

. sua irmã voltou a namorar o Robbie.

. eu continuo a namorar a Rita.

. a Dilma vai ganhar, não sei se no primeiro turno.

. o Serra, com diz o Zé Simão, ta que nem o Atlético Mineiro, toda vez que aparece na TV cai 03 pontos ( se vc não entendeu o Atlético Mineiro esta numa merda )

. eu tô com o saco cheio de política.

. teu irmão faz aniversário no domingo porém vamos comemorar lá em casa amanhã, da uma ligada.

. a empresa ta acertando o passo, só falta uma coisinha, eu ganhar dinheiro, mas isto é secundário, pelo menos para os meus funcionários.

Bem tem um monte de outras coisas, porém vou ter jogar tênis, e não é em ninguém não, é esporte mesmo. Depois a taça, a taça de cerveja.

Aquele beijo. pai

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Flor de Liz...minha amada ..

Hoje bateu muitas saudades de voce..Tenho coisas pra conversar e só pensei em voce.

Pensei em ligar mas sei que está muito ocupada e .....exitei...
mas saudades milnha filha.,..sinto sempre.....

Acho que são os preparativos para mudança...ou então...o estar mais calma...mais tranquila...me remetendo as lembranças...boas é claro...

Me avise quando estiver sussa pra conversamos ..afinal..agora tenho skipe....

baci mi fiore de liz...

te voglio molto bene

mamma

2 de out. de 2010

Pega Rapaz

Sabado de folga, de ressaca, preguica e frio. To tacada debaixo do edredon, fumnda um, tomando um chá. E olha só o que achei.

29 de set. de 2010

Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu!

A gente acerta o passo, coloca em trilhos amenos a roda viva, se acostuma com ela. E vai levando. Ainda me assusto quando paro para olhar o mundo onde me coloquei. Contudo, passou o desconforto. Aliás, jamais me senti tao avontade - o que, por sorte, nao me impede de admirar constatemente o que mudou. A lingua já nao me fere os ouvidos, nem tao pouco me machuca como antes o frio. Já nao tomo como secas as palavras diretas, nem como distantes os apertos de mao. Já nao corro nem de punks, nem de carecas. Sei hoje que eles tem muito o que perder e que tal circunstancia desmascara suas falsas violencias. Diferenca ideologica é brisa perto de discrepancia social. Aprendi a falar baixo, a trabalhar duro, a tomar vinho tinto e respeitar as diferencas. Mudei até de cor. Ando pela cidade com desenvoltura, conheco e aplico a maioria de suas regras de comportamento, tenho bons e verdadeiros amigos, carteira assinada e um canto pra chamar de meu. Nao penso em volta. Aliás, me encomoda o fato de nem siquer pensar em outro lugar. E com tudo, nao posso chamar de raros os dias em que me sinto como quem partiu ou morreu. É uma emocao proibid, a e por ser assim me encabula. Sou uma entre milhoes de "foragidos". Desconfio que o movimento migratorio Berlinece seja de cunho existencial. Nacionalismo e construcao familiar sao levadas quase como condutas fascistas. E deixar-se seduzir ou abater por elas é fraqueza política, para nao usar a proibida palavra espiritual. Afinal de contas, nao existe Deus em Berlin. Mas de vez em quando eu peco. Sinto o Brasil tao longe, que fica remota até a saudade. Doi uma dor esquisita, uma solidao seca, uma distaaaancia. Um despertencimento. Uma morte mesmo, nao como quem partiu. Ma como quem abandonou.

26 de set. de 2010

Tenho medo! Nao me dou!

Ontem me precipitei. Acho que o texto todo falava tao profundamente de mim - como provavelmente de qualquer um - que me emocionei. Também porque a primeira frase me encostou num calo novo. E ando querendo tanto falar nele, só nao sei por onde. Esse medo recém percebido - como se já nao bastassem todos os outros. Um estranho panico de me envolver. Medo, vício meu. Esses dias perdi alguém por conta dele. Foram quatro meses de solidao a dois. Fingi tanta indiferenca que à encostei. Nao fechava a relacao por nada, nao me comprometia. Livrar o coracao de .... de pertencer a apenas um e cair com o desamor. E a qualquer meia palavra distante dele, eu, que passei meses vivendo de casos rasos e raros, saia me dando de graca para quem aparecesse. Beijos desimportantes e sem perigo também. Uma reacao avessa - aversao? - defesa insensata contra o que? Negacao, rejeicao, solidao - quanta peso traz o ao à palavras ja em si tao insustentáveis -. E nao aguentei! Tanta cerimonia, tanto banho maria, essa estática e insalubre calmária. Pois nao fui a única a amarelar. Depois de tanta bater contra as nossa diferencas, nos pegamos iguais no medo de amar. E nao pude com tao pouco, calei a minha mentira e a dele também. E no final, a dor nao pelo que se rompeu, mas pela alma "frigilizada". E me assusto, pois sou nova de mais para tamanha frieza. Se pudesse voltar no tempo, I would have putted the wall down to show him, to let him get to know me. Para talvez no final sofrer, sim! Sentir qualquer coisa, nem que seja dor. Morta-viva, assim tao menina, é um alerme à alma e ao coracao. E agora o fim que traz a queda das máscaras. Podemos finalmente sentar para cervejas sinceras, sem atos, figurinos e falas ensaiadas. Podemos, pela primeira vez, ouvir sem receio, falar sem desvios, calar sem vergonha. E lamentar a nao entrega do que certamente nao passaria dos seus quatro meses, mas poderia conter imensidao. Percebi deslumbrada a natureza dos novos movimentos no primeiro jantar apos rompimento. Enquanto eu libertei a menina, as cores, a deselegancia, ele se afastou dos holofotes da dinamica fina e instruida da forma europeia. Aspirantes de nossas próprias companhias, sentamos separados do resto para um vinho no canto, uma troca canalizada, um carinho espontaneo. Eu nao precisava mais fingir independecia, emancipacao, maturidade. Ele nao precisava mais ser o homem dos dotes, o principe loro, "o such a nice guy" tantas vezes repetido por outros. Estavamos sendo. Nus dos acessorios que colocávamos para nos assegurar. Os nossos defeitos fizeram de nos, nesses momentos seguintes, finalmente belos. Porque a beleza - nao, muito mais, o desejo - esta em se ser humano. E para tanto, ou tao pouco, é primordial ser-se e aceitar-se imperfeito.

E na desatencao da minha afobada correria, esbarrei sem querer numa nova chance. O que era uma fuga estabanada de um me fez cair com susto no colo de outro- e por ser talvez exatamente isso, ou falar verdades que eu ansiava - me pegou desprevenida, desarmada. Nao me deixou tempo de lancar meus naos. E cá estou, em pé, segurando a chance na mao. E ai... quanto medo... Essa noite sonhei com ele. E no meu inconsciente era ele quem me negava. Alguém um dia já me assegurou, com enorme enfase, do poder de duas palavras. Amor e medo. E cá estou, desvurtuando as coisas, trocando as ordens, colocando carroca na frente dos bois, boicoitando a busca pela falta de fé. Tendo medo do amor...

25 de set. de 2010

Contra o meu silencio

Porque ando muda e isso me mata. Porque procuro pensar - em qualquer coisa - e sem demora me canso. Porque tenho soado - no casulo dos cadernos privados - cliche e burra. Porque na maioria das horas nao acredito em mim. Porque ando sem tempo ou gastando-o muito mal. Porque ando feliz e perdi o samba. E, a cima de tudo, porque na falta grande que me fez um deus, tenho sempre a Ela e suas palavras sagrada.

"Já escondi um amor com medo de perdê-lo, já perdi um amor por escondê-lo. Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos. Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem. Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram. Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir. Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi. Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto. Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir. Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam. Já tive crises de riso quando não podia. Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva. Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse. Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar. Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros. Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros. Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz. Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava. Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade… Já tive medo do escuro, hoje no escuro “me acho, me agacho, fico ali”. Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais. Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria. Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava. Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda. Já chamei pessoas próximas de “amigo” e descobri que não eram… Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim. Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração! Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente! Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes. Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!"
Clarice Lispector

1 de set. de 2010

20 de ago. de 2010

Ela


Amo-a sem pausa, todo santo dia. E eu - que nao sei direito amar, porque duvido - reconheco que esse amor é raro. Me pergunto o que em mim é verdade. Se digo, escrevo e escuto verdades. Se estar com quem estou é verdade. Se meu passado e meu caminho sao verdades. Mas nunca me questino sobre o amor que sinto por ela. A dúvida nunca existiu. Mesmo nos dias mais escuros, nas noites mais frias, nas horas mais solitarias, esse amor esteve sempre ali. Desde o primeiro instante forte e pulsante e a partir de entao intocavel. E quando falo nela - tenho tantas testemunhas - meu olhos se perdem e brilham.

Acabo de chegar em casa depois de uma madrugada de trabalho. Voltei de bicicleta "nova". Comprei ontem , depois de um almoco preguicoso, a caminho do banco. Paguei com o dinheiro da conta do telefone, que ficou para mes que vem. Trabalho no seu noroeste. Moro no seu sudeste. Sao 9:23 da manha e já corri seu corpo todo. Uma manha de fins de agosto, já fresca, mas que promete ainda 28 graus. Ouvi dizer que será o último dia de verao. Gosto da primeira luz do dia, gosto da solidao pelas ruas nas manhas de sabado, gosto do silencio, de correr pela beira do canal e ver o reflexo dos choroes pela agua. Gosto muito quando estamos só eu e ela. Gosto de verdade dela. E gosto tanto...

4 de ago. de 2010

Ir tao longe pra chegar mais perto


Desde que cheguei - há exatos dois anos e meio - recebi muita gente. Tanto que perdi a conta. Velhos amigos que se misturaram com os novos. Amigos de amigos que se tornaram meus. Amigos perdidos e aqui reencontrados como se sempre estivessem estado ali. Mae, pai e irma em diferentes tempos e em contexto novo. Antigos casos de "amor" que miguaram com o grito das diferencas e transmutaram para o descomplicado mundo das amizades.

"E pela lei natural dos encontros eu deixo e recebo um tanto". E nao há troca mais doce que um encontro. Os que tenho vivido tem a graca do movimento, o que muda toda disposicao da ocasiao. A maioria dos que chegam estao vindo de lá para ir a colá, sao passantes, mambembes do instante. Vem com a agitacao que a novidade traz aos pensamentos. E a química da carga deles com o que vem se tornando a minha vida traz sempre uma solucao inédita. Redescubro uma nova Berlin, me reencontro com ela - e comigo também. Há ainda mais beleza. Com muitos deles nao troquei antes mais de duas palavras. Com outros existe um silencio de alguns anos desde a última conversa. Já nao somos mais os mesmos, há um novo tempo, há um novo espaco. E de repente eles estao sentados no sofa da minha casa falando e ouvindo com aquela abertura mágica dos que sairam da órbita. E ganho tanto. Nasce qualquer coisa, nem que seja um ponto de interrogacao. Por fim, ficam os mimos, presentinhos e carinhos. Cartinhas deixadas no pé da cama, cafés da manha dispostos na mesa, emails e fotos já distantes. Foi tudo verdade, aconteceu. Mais! É tudo verdade, está acontecendo. E sou eu quem agradeco, pois nao me sinto anfitria, mas recebida. E é tao bom dar-se.

Ontem recebi um desses emails. Meus ultimos ciganos, Giugiu e Bill. Ela, uma prima nao tao distante. Ele, um que eu pensava ser recém agregado - o que me fez pensar no tempo, já que cinco anos nao se pode mais chamar assim, de recente - sao tantos os tempos, que alguns escorrem sem que se veja, sem que se sinta -. Convivi com ela esporiadicamente minha vida inteira em natais e encotros de familia, nos quais nao trocamos mais que cumprimentos. E foi preciso ir tao longe pra finalmente chegar perto. Ela é atriz - meu Deus, nao me perdou por nao ter sabido disso antes - ele, musico. Ela é doce como nunca pude ver, ele curioso como nao pude imaginar. Ela ajuda ele a enxergar o mundo, ele a ajuda a fazer algo do que viu. Foram quatro ou cinco dias - já nao posso me lembrar. Eu chegava exausta do trabalho e eles acabados pelo turismo. E seguia-se mais umas horinhas de papo na cozinha ou uma cervejinha no bar da esquina. Foi delicado, bom de mais conhece-los. Nao só pelo que me deram em palavras, mas por um prazer que ganhei. Na proxima reuniao de familia, entre encontros triviais, ei de me sentar para um bom papo com dois bons amigos.

A foto, tirada por eles da janela do meu quarto, chegou ontem com o email. A garagem do meu prédio, tao banal, chega a mim com olhar diferente. Nada de mais? Nem de tao pouco. Acho tao verdadeira a alegrai de "descobrir o sublime no trivial", como um dia colocou Clarice....

28 de jul. de 2010

"a única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.
Quem sou?
Bem, isso já é demais...."

C.L

27 de jul. de 2010

Desconfiar que minha dislexcia é um reflexo das minhas confusoes talvez seja uma resposta rápida para trazer calma à respiracao. Tomo a direita pensando na esquerda. E talvez nao seja por disturbio, mas por cega e incurável indecisao. Ou covardia? Solucao que nao tenho, por preguica ou incopetencia. Quantos de nós sao incopententes no que deveria ser primordial? Ou nao seria isso incopentencia, mas o desfalecer de uma arrogancia? A vida é truqueira, resolve-la, só com a morte. Como ha tempo penso em dizer à uma amiga que se enroscou - como Lóri, como eu, como todos nós - nos seus próprios finos fios de ouro, o resultdo dá sempre em morte. A vida nao tem solucao. E buscar essa solucao já é ignorancia. Resultados sao estáticos e os números que nos levam a eles tambem. Sendo assim, ao se tratar de vida, o resultado será sempre incorreto. Enquanto nos despregávamos do que a pouco foi resolvido, estas variáveis, tao de repente antigas, transmutaram sem serem vistas. O passado, como foi, já nao existe se nao em memória mentirosa. O resultado - confio - chega sempre tarde de mais, quando os fatos já tornaram-se teoria. E na prática cabe pouca teroria. Enquanto ha vida a conta é invarievelmente mutante e, claro, o resultado também.

Por inquietacao de se compreender ou nao se compreender essa inslolucao, burla-se no meio tempo esta incapacidade de conhecer-se com burocracias cotidianas. Ir ao banco, fazer um bom dia trabalho, assinar o contrato do apartamente, encomedar novas lentes de contato, pagar as contas, cortar o cabelo ou preparar o almoco. Nao sao solucoes ilusorias, sao as que se pode ter. Mas essas solucoes morrem em si, nao podem ser transferidas à questao maior, sao resultados triviais, suficientes apenas em si. A busca por entender-se é aceitar que se é insolucionável e que mesmo assim, como concluiu triunfante G.H, esta busca vale a pena quando se é, na máxima da medida do possível, fiel a si mesma.

24 de jul. de 2010

Um presente

Diga-me, oh meu Tempo. E o que deve vir agora? Quais passos tomam os que chegam à praia e nao morrem? Como seguem vencedores e vencidos no pós guerra, depois que os corpos foram recolhidos e velados? O que é do tempo - este! - , filho consequente do apito final que encerra o jogo, de repente tao desmedido, livre e despreocupado? O que se faz quando o coracao acalma, quando o medo e adrenalina se diluem e o sangue volta a sua correnteza trivial? Como reagir a dor de amor que cessou, a saudade que virou lembranca, ao passado tao passado que se perdeu na na distancia? O que subistitui a nostalgia em desuso, a melancolia sem desculpa. Onde fica o vício largado? Conte-me, o que é que se faz do que se fez? Das perdas e ganhos compensados, da bandeira fincada no cume? Qual o lugar dos livros lidos, do pranto derramado e enfim agreste? O que pensar dos copos inebriantes de ontem, hoje guardados no armario, secos como a madrugada morta. Em que estado se encontra um corpo de porre curado? Sabe ele ser sóbrio? O que é do palco na partida do público, do terreno quando o circo emigra? Quem é o palhaco, calado, de frente ao espelho e de rosto lavado? O que é do agora, eu? Da ilusao quando desmasacarada, do sonho quando realidade, da missao quando cumprida, da palavra quando silencio? Qual o estado do pecado perdoado, da bencao concebida? E que se faz de voce, hoje, que até ontem era só amanha?

7 de jul. de 2010

"Existe dias em que acho que vou morrer de uma overdose de satisfacao"

Salvador Dali
“Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre inteira.” Cecília Meireles

Morro no velho mundo como nao morria no novo. Morte como ela deve ser: fria, negra e impiedosa. Mas é dela que faz-se, com o fim do inverno, também o fim do inferno. E ao primeiro raio de sol tudo é perdoado. O que era só pecado, torna-se imune prazer. Vivo no verao um sonho inarrável. Sim, antes morro - trágica. Pelo bel e único gozo de renascer na volta da luz. Virgem, desmemoriada, ilesa como se nunca tivesse morrido. Chego além, broto fresca e crente como se nunca antes tivesse siquer nascido. Círculo de pesos, danca das recompensas. No outono adoeco, no inverno morro, na primavera renasco. Agora, que é verao, vivo!

Berlin ou Rio de Janeiro?

24 de jun. de 2010

Adiós, Au revoir, Auf Wiedersehen, Goodbye, Adeus!


Minha amiga querida,


chegou ao fim, né? E ficou tao longe aquela primeira noite. Voce ainda se lembra? Imagino que devia estar feliz, um pouco medrosa, com um frio bom na barriga, meio fora de órbita tentando entender o que era todo aquele turbilhao de novidades entrando na sua vida. Se tivesse passado a primeira madrugada inteira acordada tentando advinhar o que estava para vir, com toda a liberdade e infinita extensao que pode ter o pensamento, nao chegaria jamais ao que realmente foi dessa vida na europa, nao é mesmo? Euforia, solidao, fins duros, comecos malucos, pessoas esquisitas, vidas interessantes. O escuro, o frio. Descobrir como é bonito e carnavalesco o desabrochar da primavera, os primeiros raios de luz, as festas para celebrar o sol! Se tranformar tambem por dentro com o que muda do lado de fora. Se machucar, se curar e depois dar gracas a deus pelas cicatrizes guardadas pelo corpo. Os tantos lugares que seus pés marcaram, que seus olhos encostaram, as vezes descrentes por tamanha beleza e emocao. Tanta coisa arquivada no que antes era só um caderninho de experiencias. Ingles, espanhol, frances. Ingleses, espanhoies e franceses. Isso sem contar outras brincadeiras menos serias. O fim de mitos, a morte de preconceitos, o desfalecer de sonhos e o nascimento de outros, as surpresas, o nascimento de ideías, a compreensao de tanta coisa que nao fazia sentido, a descoberta daquela forca que as vezes encolhe, mas nao morre nunca. As sofridas viagens ao aeroporto nas madrugadas de segunda feira, a recarga de energia que era viajar e rever as amigas. Todas as lorinhas, geladas ou quentas, caríssimas ou de graca, os copos roubados. A neve caindo, o mediterraneo em degrade. O lencinho sempre preso no pescoco. Os quilos a mais, a batata na perna cheia de novos musculos, alguns ate que voce nem sabia que tinha. O vento na cara, a bicicleta queridinha. Andaaaaaar- ou correr, né Pixe. Haja folego e pernas pra te acompanhar. Tantas visitas bem vindas, despedidas choradas em silencio. O tartar, a paeja, a salsisha, o kebab. Os domingos tristez, as festas cheias de Blackouts. O ranco espanhol, o mau humor frances. O respirar fundo, o renascer Fenix das cinzas. As voltas despreocupadas para casa pela madrugada sem perigo. A paz da liberdade. A confusao da liberdade. A liberdade. O topless, a mulher valorisada e livre. O igual. A diferenca. A burca. A Paris decadente de hoje, a Barcelona empacotada de turistas, mais ainda toda pincelada por Gaudi. Um fim de tarde ao som do Fado, no topo de uma ladeira qualquer, cheia de preguica e azulejos sem concerto. As tulipas, as frutas vermelhas, a babilonia e suas mil e uma linguas. O Sena, o Spree, o Tamisa. Ver em tela e tinta as cores de Kandinsky e Miro. Aprender a se vestir em camadas e usar tons mais sobrios pra nao virar alegoria. A primeira regata do ano, a danca melancolica das folhas caindo e pintando o chao de vermelho. As aulas de história no seu cenário original. A descoberta, a cabeca aberta, as milhares de opcoes. A mudanca de rumo, o fazer diferente. O medo e a vitoria sobre ele. A vida e a missao cumprida. Meu Tempo, foram mesmo só tres anos? E daquela primeira noite para essa eminente última resta um arrepio intenso, um gosto explosivo de tudo que foi provado, azedo ou doce. Porque nao existe um sem o outro.


Minha pequena vulcao de mulher, voce sabe que morro de orgulho. Vou sentir sua falta. De tantos "adeus" que dei, quase me esqueci que uma hora chegaria o seu. Dividir com voce essa aventura foi um enorme prazer. Obrigada pela presenca, pelos momentos e pelas memorias. Guardarei tudo com carinho numa caixinha perfumada forrada de saudades. E agora? Bom, agora é Rio de Janeiro, né? Voce lá é mulher de sossegar? Tem no curriculum tantas cidades quanto namorados - e deus é testemunha de que nao foram poucos. Aproveite como só voce sabe fazer. Esta que lhe tenta agora nao é pouco coisa. É a Maravilhosa, uma Dona de belas curvas, corpo cheio de malandragem e bossa, lingua afiada e habitos de esculacho. Sei que vc será fiel a ela, que irá se entregar em fremito e gozo, como faz com todos os seus amores. E que seja eterno enquanto dure. Porque pra voce, Senhorita Caiubi, os amores duram todo e somente o tempo que merecem.


Te amo.

Boa sorte, amiga.


p.s. Quando estiver em Orly - nao se esqueca - estarei no país vizinho cantando seu samba. Fuja do frio, voce tem razao, e ainda para o Rio de janeiro. Nao diga que me viu chorando, diga apenas que estou levando. E quando puder - e sei que irá - me mande uma noticia boa.

10 de jun. de 2010

O Homem Mais Lindo do Mundo!!!

Fico com tesao só de ver o video!

Lovely London




Primeio porque terminei de ler Mrs. Dalloway esses dias e ainda me sinto por lá. Depois porque gosto do cabelo do Rodrigo como na época em que estivemos por ela. Por Clarice falando de suas pontes e pela minha favorita - a magrelinha que da na Tate. Porque temos ainda, eu e ela, questoes a resolver. Pela elegancia da "Queridinha". Pela vontade que da de repetir - imitando Elizabeth - nossas entradas no primeiro onibus que viesse e chegar onde quer que ele fosse dar (o que, ironicamente, acava sendo sempre Elephant & Castle). Porque o lassi daqui nao é como o de lá. Pelas suas cervejas sem espuma e suas noites interrompidas. Mas, principalmente, para oficializar que respondi o e-mail da Isa. Nem tao pontualmente como uma senhorita britanica, mas tambem nem uma brasieleira como ela se mostrou, né fia?

29 de mai. de 2010

25 de mai. de 2010

Adoooro


Novo energetico Londrino. 100% natural, 100% feminino.
Aqui é representado por uma bicha de forca vaginal talvez muito maior que a minha.

E, sei lá, me faz pensar em rita dizendo:

"Gosto mais do sabor da comida feita por cozinheiros e aceito que as mulheres não sejam boas na direção de carros…Mas que Deus é poderosa, isso ela é!"

20 de mai. de 2010

Redescobrir




Como se fora brincadeira de roda (memória)
Vai o bicho-homem fruto da semente (memória)
Renascer da própria força, própria luz e fé (memória)
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós (história)
Somos a semente, ato, mente e voz (magia)
Não tenha medo meu menino povo (memória)
Tudo principia na própria pessoa (beleza)
Vai como a criança que não teme o tempo (mistério)
Amor a se fazer é tão prazer que é como fosse dor (magia)
Como se fora brincadeira de roda (memória)
Jogo do trabalho na dança das mãos (macias)
O suor dos corpos na canção da vida (história)
O suor da vida no calor de irmãos (magia)
Como um animal que sabe da floresta (perigosa)
Redescobrir o sal que está na própria pele (macia)
Redescobrir o doce no lamber das línguas (macias)
Redescobrir o gosto e o sabor da festa (magia)
Vai o bicho homem fruto da semente (memória)
Renascer da própria força, própria luz e fé (memória)
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós (história)
Somos a semente, ato, mente e voz (magia)
Não tenha medo, meu menino bobo (memória)
Tudo principia na própria pessoa (beleza)
Vai como a criança que não teme o tempo (mistério)
Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor (magia)
Como se fora brincadeira de roda (memória)
Jogo do trabalho na dança das mãos (macias)
O suor dos corpos na canção da vida (história)
O suor da vida no calor de irmãos (magia)...

20 de abr. de 2010

Humanista

s.m. e s.f. Filósofo que baseia seu sistema sobre o homem, sua situação e seu destino no universo. / Pessoa versada no conhecimento das línguas e literaturas antigas; professor de humanidades; cultor do estudo das belas-letras ou humanidades. / &151; Adj. Relativo ao humanismo; humanístico.

11 de abr. de 2010

Coracao

"Nao se via nada em parte alguma, excecao feita dos esparsos e minúsculos flocos de neve, que vindos da brancura do céu, desciam até a brancura do solo. O silencio em volta dele era impressionantemente vazio. Enquanto seu olhar se refrangia no vácuo que o deslumbrava, Hans Castorp sentiu como seu coracao, agitado pela subida, comecava a latejar - esse orgao musculado, cuja forma animalesca e cujo mecanismo ele espreitara, talvez defandamente, por entre os crepitantes relampagos do gabinete de radioscopia. E uma espécie de comocao apoderou-se dele, uma singela e devota simpatia por esse seu coracao, o coracao palpitante do homem, que pulsava, nesse ermo glacial, tao sozinho com seus problemas e seus enigmas."

4 de abr. de 2010

2 de abr. de 2010

Dialetando

- Fernanda, quando é meu apontamento?

- Namorierst du? (nao existe o verbo namorar em alemao, isso nao é triste para uma língua tao precisa?)

- Weichselstrasse, 44. Kilngue em Tome, assim mesmo, sem H

- Pega esse preto casaco pra mim, bitte

- Foi ai que eu realizei que tinham roubado a minha bolsa

- o que voce sente comendo?

- Esse cerveja tá trispidando
- Nao, Uli, ela tá transbordando
- Ué, nao existe trispidar?
- Nao, existe tripidar
- Nao, gente, existe trepidar
- Esses brasileiros sao horroriveis

31 de mar. de 2010

Porque é Primavera

Terca-feira - mais precisamente 5h da manha de quarta-feira. Estou voltando pra casa bebada, puta e ainda mais pobre do que quando saí. Pela terceira vez desde que cheguei em Berlin roubaram minha bolsa com TUDO dentro. Ah ah, sao coisas da vida, diria Rita Lee. Fazer o que? Sem „o dinheiro do busao“, sem moral ou muito equilíbrio, me restou do fim de noite uma caminhada com aquela sensacao ruim de que falta alguma coisa. Mas a vida é piedosa. Lá pelo décimo quarteirao tropeco num volume grosso, páginas amarelas, capa dura e vermelha – a cara da bíblia, mensagem de deus – com o título em fonte clássica e dourada: FRÜHLING [= Primavera] de Sigrid Undset, Premio Nobel de 1928.

O Sooool, há de brilhar mais uma vez!!!!

E o que é inferno astral perto das mágicas que acontecem quando desabrocha a primavera? Eh estacao carinhosa, a luz há de chegar nos coracoes. Seja bem vinda, ala das flores.

29 de mar. de 2010

20 de mar. de 2010

A arte ensinando a vida - Um exercicio de ser


"Um corpo destreinado é como um instrumento musical desafinado, em cuja caixa de ressonancia há uma barulheira confusa e dissonante de ruídos inúteis, impedindo a aidicao da verdadeira melodia. Quando o instrumento do ator, seu corpo, é afinado pelos exercícios, desaparecem as tensoes e os hábitos desnecessários. Ele fica pronto para abrir-se às ilimitadas possibilidades do vazio. Mas há um preco a pagar: diante desse vazio desconhecido surge, naturalmente, o medo. Até mesmo um ator de larga experiencia, sempre que vai retomar seu trabalho, quando se ve na borda do tapete sente esse medo voltar - medo do vazio dentro de si mesmo e do vazio no espaco. Imediatamente, ele trata de preencher o vazio para livrar-se do medo, tentando achar alguma coisa para dizer ou fazer. Sentar-se imóvel ou ficar quieto requer muita coragem. A maioria de nossa manifestacoes exageradas ou desnecessárias provem do pavor de nao estarmos realmente presentes se nao avisarmos o tempo todo, de qualquer jeito, que de fato existimos. Isso já é um grande problema no dia-a-dia, em que pessoas nervosas e descontroladas podem nos infernizar a vida; mas no teatro, onde todas as energias devem convergir para o mesmo fim, a capacidade de reconhecer que se pode estar totalmente "presente", embora aparentemente sem fazer nada, é fundamental. É importante que todos os atores reconhecam e identifiquem tais obstáculos, que nesse caso sao naturais e legítimos. Se perguntarmos a um ator japones sobre seu modo de atuar, ele admitirá que já enfrentou essa barreira. Quando atua bem, nao é porque elaborou previamente uma composicao mental, mas sim porque criou um vaio livre de panico dentro de si"

9 de mar. de 2010

Spass


Geschmack braucht keinen namen

Sabor nao precisa de nome

Essa é a Bier, uma cerveja muito poupular na noite de Berlin. É vendida assim, sem mais nem menos. Um retorno ao anonimo, uma tentativa simpática de protesto contra o MKT sem, no entanto, conseguir ser imune ou inocente a ele. Mais ou menos como a cidade que se faz indiferente a forma do seu tempo, mas nao seria assim, tao autentica, se nao fosse o contraste com o mundo. Muitas vezes a negacao é a afirmacao cansada, munida do mesmo impulso, voltada por inércia à contra mao. É a repeticao das insatifacoes da historia, uma resposta ao excesso. É o vai e vem do famoso pendulo, percebido, por sinal, por um alemao. Seja la como ou o que for, é um movimento que me parece razoavel. E é divertido quando, no bar, me vejo com uma garrafinha dessas na mao.

3 de mar. de 2010

O desbunde em movimento

Vida

A consciencia de si mesma era, pois, uma simples funcao da matéria organizada em prol da vida, e numa fase mais elevada dirigia-se a funcao contra o seu próprio portador, convertia-se no desejo de pesquisar e explicar o fenomeno ao qual deu origem, na tendencia esperancosa e desesperada da vida para se conhecer a si própria, na auto-investigacao da natureza que sempre acaba sendo va, visto a natureza nao se poder resolver em conhecimento e a vida nao ser capaz de contemplar os últimos segredos de si mesma.
(...)
Que era, entao, a vida? Era calor, o calor produzido pela instabilidade preservadora da forma; era uma fébre da matéria, que acompanhava o processo de incessante decomposicao e reconstituicao de molécula de albumina, insubsistentes pela complicacao e pela engenhosidade da sua estrutura. Era o ser daquilo que em realidade nao podia ser, daquilo que, a muito custo, mediante um esforco delicioso e aflitivo, consegue, nesse processo complicado e febril de decadencia e renovacao, chegar ao equilíbrio do ponto do ser. Nao era matéria nem espírito. Era qualquer coisa entre os dois, um fenomeno sustentado pela matéria, tal e qual o arco-íris sobre a queda d´água, e igual a chama. Mas, se nao fosse material, era sensual até a volúpia e até o asco, o impudor da natureza tornada irritável e sensível com respeito a si a própria, e a forma lasciva do ser. Era um movimento clandestino, mas perceptível no casto frio do universo, uma secreta e voluptuosa impureza composta de succao e de evacuacao, uma exalacao excretória de gás carbonico e de substancias nocivas de procedencia e qualidade ignotas. Era a vegetacao, a desenvolucao, a canfiguracao - possibilitadas pela hipercomposicao da sua instabilidade e controladas pelas leis de formacao que lhe eram inerentes - de uma coisa túmida de água, de albumina, de sal e de gorduras, coisa que se chamava carne e se coonvertia em forma, em imagem sublime, em beleza, mas, ao mesmo tempo, era o princípio da sensualidade e do desejo. Pois essa forma e essa beleza nao eram conduzidas pelo espírito, como na obras da poesia e da música, nem tao pouco por uma substancia neutra, absorvida pela espírito, e que o encarnasse de uma maneira inocente, como o fazem a forma e a beleza das obras plásticas. Era, pelo contrário, conduzida e elaborada por uma substancia da própria matéria organica que vivia se decompondo, pela carne cheirosa...

27 de fev. de 2010

Sobre quarta a noite

Sweet dreams are made of this
Who am I to disagree?
Travel the world and the seven seas
Everybody's looking for something

Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused

9 de fev. de 2010

4 de fev. de 2010

Impulso

O indivíduo pode visar numerosos objetivos pessoais, finalidades, esperencas, perspectivas, que lhe deem o impulso para grandes esforcos e elevedas atividades; mas, quando o elemento pessoal que o rodeia, quando o próprio tempo, nao obstante toda agitacao exterior, carece no fundo de esperancas e perspectivas, quando se lhe revela como desesperador, desorientado e falto de saída, e responde com um silencio vazio à pergunta que se faz consciente ou inconscientemente, mas a todo caso se faz, a pergunta pelo sentido supremo, ultrapessoal e absoluto, de toda atividade e de todo esforco - entao se tornará inevitável, justamente entre as naturezas mais retas, o efeito paralisador desse estado de coisas, e esse efeito será capaz de ir além do domínio da alma e da moral, e de afetar a própria parte física e organica do indivíduo. Para um homem se dispor a empreender uma obra que ultrapassa e medida das absolutas necessidades, sem que a época saiba uma resposta satisfatória à pergunta "Para que?", é indispensável ou um isolamento moral e uma independencia, como raras vezes se encontram e tem um que heróico, ou entao uma vitalidade muito robusta.

19 de jan. de 2010

Evaporar

Tempo a gente tem
Quanto a gente dá
Corre o que correr
Custa o que custar

Tempo a gente dá
Quanto a gente tem
Custa o que correr
Corre o que custar

O tempo que eu perdi
Só agora eu sei
Aprender a dar
Foi o que ganhei

E ando ainda atrás
Desse tempo ter
Pude não correr
Dele me encontrar

Ahh não se mexeu
Beija-flor no ar

O rio fica lá
a água é que correu
Chega na maré
Ele vira mar

Como se morrer
Fosse desaguar
Derramar no céu
Se purificar

Ahh deixar pra trás
Sais e minerais, evaporar!

17 de jan. de 2010

Wieder Hier

Se foi dfícil? Sim. Foi estranho estar lá com a sensacao que nada mais me pertence, nem eu a mim mesma como costumava ser. Aliás, tudo deixou de me pertencer antes mesmo que eu me despercebesse. Se doeu voltar? Certamente me doeu, e muito, partir. Mas chegar, para grande surpresa geral, me fez relaxar e sorrir leve afinal. Porque aqui tenho alguma coisa, mas nao sei exatamente o que. Sei que é grande, livre e principalmente minha.