28 de jul. de 2010

"a única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.
Quem sou?
Bem, isso já é demais...."

C.L

27 de jul. de 2010

Desconfiar que minha dislexcia é um reflexo das minhas confusoes talvez seja uma resposta rápida para trazer calma à respiracao. Tomo a direita pensando na esquerda. E talvez nao seja por disturbio, mas por cega e incurável indecisao. Ou covardia? Solucao que nao tenho, por preguica ou incopetencia. Quantos de nós sao incopententes no que deveria ser primordial? Ou nao seria isso incopentencia, mas o desfalecer de uma arrogancia? A vida é truqueira, resolve-la, só com a morte. Como ha tempo penso em dizer à uma amiga que se enroscou - como Lóri, como eu, como todos nós - nos seus próprios finos fios de ouro, o resultdo dá sempre em morte. A vida nao tem solucao. E buscar essa solucao já é ignorancia. Resultados sao estáticos e os números que nos levam a eles tambem. Sendo assim, ao se tratar de vida, o resultado será sempre incorreto. Enquanto nos despregávamos do que a pouco foi resolvido, estas variáveis, tao de repente antigas, transmutaram sem serem vistas. O passado, como foi, já nao existe se nao em memória mentirosa. O resultado - confio - chega sempre tarde de mais, quando os fatos já tornaram-se teoria. E na prática cabe pouca teroria. Enquanto ha vida a conta é invarievelmente mutante e, claro, o resultado também.

Por inquietacao de se compreender ou nao se compreender essa inslolucao, burla-se no meio tempo esta incapacidade de conhecer-se com burocracias cotidianas. Ir ao banco, fazer um bom dia trabalho, assinar o contrato do apartamente, encomedar novas lentes de contato, pagar as contas, cortar o cabelo ou preparar o almoco. Nao sao solucoes ilusorias, sao as que se pode ter. Mas essas solucoes morrem em si, nao podem ser transferidas à questao maior, sao resultados triviais, suficientes apenas em si. A busca por entender-se é aceitar que se é insolucionável e que mesmo assim, como concluiu triunfante G.H, esta busca vale a pena quando se é, na máxima da medida do possível, fiel a si mesma.

24 de jul. de 2010

Um presente

Diga-me, oh meu Tempo. E o que deve vir agora? Quais passos tomam os que chegam à praia e nao morrem? Como seguem vencedores e vencidos no pós guerra, depois que os corpos foram recolhidos e velados? O que é do tempo - este! - , filho consequente do apito final que encerra o jogo, de repente tao desmedido, livre e despreocupado? O que se faz quando o coracao acalma, quando o medo e adrenalina se diluem e o sangue volta a sua correnteza trivial? Como reagir a dor de amor que cessou, a saudade que virou lembranca, ao passado tao passado que se perdeu na na distancia? O que subistitui a nostalgia em desuso, a melancolia sem desculpa. Onde fica o vício largado? Conte-me, o que é que se faz do que se fez? Das perdas e ganhos compensados, da bandeira fincada no cume? Qual o lugar dos livros lidos, do pranto derramado e enfim agreste? O que pensar dos copos inebriantes de ontem, hoje guardados no armario, secos como a madrugada morta. Em que estado se encontra um corpo de porre curado? Sabe ele ser sóbrio? O que é do palco na partida do público, do terreno quando o circo emigra? Quem é o palhaco, calado, de frente ao espelho e de rosto lavado? O que é do agora, eu? Da ilusao quando desmasacarada, do sonho quando realidade, da missao quando cumprida, da palavra quando silencio? Qual o estado do pecado perdoado, da bencao concebida? E que se faz de voce, hoje, que até ontem era só amanha?

7 de jul. de 2010

"Existe dias em que acho que vou morrer de uma overdose de satisfacao"

Salvador Dali
“Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre inteira.” Cecília Meireles

Morro no velho mundo como nao morria no novo. Morte como ela deve ser: fria, negra e impiedosa. Mas é dela que faz-se, com o fim do inverno, também o fim do inferno. E ao primeiro raio de sol tudo é perdoado. O que era só pecado, torna-se imune prazer. Vivo no verao um sonho inarrável. Sim, antes morro - trágica. Pelo bel e único gozo de renascer na volta da luz. Virgem, desmemoriada, ilesa como se nunca tivesse morrido. Chego além, broto fresca e crente como se nunca antes tivesse siquer nascido. Círculo de pesos, danca das recompensas. No outono adoeco, no inverno morro, na primavera renasco. Agora, que é verao, vivo!

Berlin ou Rio de Janeiro?