24 de jun. de 2010

Adiós, Au revoir, Auf Wiedersehen, Goodbye, Adeus!


Minha amiga querida,


chegou ao fim, né? E ficou tao longe aquela primeira noite. Voce ainda se lembra? Imagino que devia estar feliz, um pouco medrosa, com um frio bom na barriga, meio fora de órbita tentando entender o que era todo aquele turbilhao de novidades entrando na sua vida. Se tivesse passado a primeira madrugada inteira acordada tentando advinhar o que estava para vir, com toda a liberdade e infinita extensao que pode ter o pensamento, nao chegaria jamais ao que realmente foi dessa vida na europa, nao é mesmo? Euforia, solidao, fins duros, comecos malucos, pessoas esquisitas, vidas interessantes. O escuro, o frio. Descobrir como é bonito e carnavalesco o desabrochar da primavera, os primeiros raios de luz, as festas para celebrar o sol! Se tranformar tambem por dentro com o que muda do lado de fora. Se machucar, se curar e depois dar gracas a deus pelas cicatrizes guardadas pelo corpo. Os tantos lugares que seus pés marcaram, que seus olhos encostaram, as vezes descrentes por tamanha beleza e emocao. Tanta coisa arquivada no que antes era só um caderninho de experiencias. Ingles, espanhol, frances. Ingleses, espanhoies e franceses. Isso sem contar outras brincadeiras menos serias. O fim de mitos, a morte de preconceitos, o desfalecer de sonhos e o nascimento de outros, as surpresas, o nascimento de ideías, a compreensao de tanta coisa que nao fazia sentido, a descoberta daquela forca que as vezes encolhe, mas nao morre nunca. As sofridas viagens ao aeroporto nas madrugadas de segunda feira, a recarga de energia que era viajar e rever as amigas. Todas as lorinhas, geladas ou quentas, caríssimas ou de graca, os copos roubados. A neve caindo, o mediterraneo em degrade. O lencinho sempre preso no pescoco. Os quilos a mais, a batata na perna cheia de novos musculos, alguns ate que voce nem sabia que tinha. O vento na cara, a bicicleta queridinha. Andaaaaaar- ou correr, né Pixe. Haja folego e pernas pra te acompanhar. Tantas visitas bem vindas, despedidas choradas em silencio. O tartar, a paeja, a salsisha, o kebab. Os domingos tristez, as festas cheias de Blackouts. O ranco espanhol, o mau humor frances. O respirar fundo, o renascer Fenix das cinzas. As voltas despreocupadas para casa pela madrugada sem perigo. A paz da liberdade. A confusao da liberdade. A liberdade. O topless, a mulher valorisada e livre. O igual. A diferenca. A burca. A Paris decadente de hoje, a Barcelona empacotada de turistas, mais ainda toda pincelada por Gaudi. Um fim de tarde ao som do Fado, no topo de uma ladeira qualquer, cheia de preguica e azulejos sem concerto. As tulipas, as frutas vermelhas, a babilonia e suas mil e uma linguas. O Sena, o Spree, o Tamisa. Ver em tela e tinta as cores de Kandinsky e Miro. Aprender a se vestir em camadas e usar tons mais sobrios pra nao virar alegoria. A primeira regata do ano, a danca melancolica das folhas caindo e pintando o chao de vermelho. As aulas de história no seu cenário original. A descoberta, a cabeca aberta, as milhares de opcoes. A mudanca de rumo, o fazer diferente. O medo e a vitoria sobre ele. A vida e a missao cumprida. Meu Tempo, foram mesmo só tres anos? E daquela primeira noite para essa eminente última resta um arrepio intenso, um gosto explosivo de tudo que foi provado, azedo ou doce. Porque nao existe um sem o outro.


Minha pequena vulcao de mulher, voce sabe que morro de orgulho. Vou sentir sua falta. De tantos "adeus" que dei, quase me esqueci que uma hora chegaria o seu. Dividir com voce essa aventura foi um enorme prazer. Obrigada pela presenca, pelos momentos e pelas memorias. Guardarei tudo com carinho numa caixinha perfumada forrada de saudades. E agora? Bom, agora é Rio de Janeiro, né? Voce lá é mulher de sossegar? Tem no curriculum tantas cidades quanto namorados - e deus é testemunha de que nao foram poucos. Aproveite como só voce sabe fazer. Esta que lhe tenta agora nao é pouco coisa. É a Maravilhosa, uma Dona de belas curvas, corpo cheio de malandragem e bossa, lingua afiada e habitos de esculacho. Sei que vc será fiel a ela, que irá se entregar em fremito e gozo, como faz com todos os seus amores. E que seja eterno enquanto dure. Porque pra voce, Senhorita Caiubi, os amores duram todo e somente o tempo que merecem.


Te amo.

Boa sorte, amiga.


p.s. Quando estiver em Orly - nao se esqueca - estarei no país vizinho cantando seu samba. Fuja do frio, voce tem razao, e ainda para o Rio de janeiro. Nao diga que me viu chorando, diga apenas que estou levando. E quando puder - e sei que irá - me mande uma noticia boa.

10 de jun. de 2010

O Homem Mais Lindo do Mundo!!!

Fico com tesao só de ver o video!

Lovely London




Primeio porque terminei de ler Mrs. Dalloway esses dias e ainda me sinto por lá. Depois porque gosto do cabelo do Rodrigo como na época em que estivemos por ela. Por Clarice falando de suas pontes e pela minha favorita - a magrelinha que da na Tate. Porque temos ainda, eu e ela, questoes a resolver. Pela elegancia da "Queridinha". Pela vontade que da de repetir - imitando Elizabeth - nossas entradas no primeiro onibus que viesse e chegar onde quer que ele fosse dar (o que, ironicamente, acava sendo sempre Elephant & Castle). Porque o lassi daqui nao é como o de lá. Pelas suas cervejas sem espuma e suas noites interrompidas. Mas, principalmente, para oficializar que respondi o e-mail da Isa. Nem tao pontualmente como uma senhorita britanica, mas tambem nem uma brasieleira como ela se mostrou, né fia?