23 de dez. de 2009

Por Enquanto

Como ele não tinha nada o que fazer, foi fazer pipi. E depois ficou a zero mesmo.
Viver tem dessas coisas: de vez em quando se fica a zero. E tudo isso é por enquanto. Enquanto se vive.
Hoje me telefonou uma moça chorando, dizendo que seu pai morrera. É assim, sem mais nem menos.
Um dos meus filhos está fora do Brasil, o outro veio almoçar comigo. A carne estava tão dura que mal se podia mastigar. Mas bebemos um vinho rosé gelado. E conversamos. Eu tinha pedido para ele não sucumbir à imposição do comércio que explora o dia das mães. Ele fez o que pedi: não me deu nada. Ou melhor me deu tudo: a sua presença.
Trabalhei o dia inteiro, são dez para as seis. O telefone não toca. Estou sozinha. Sozinha no mundo e no espaço. E quando telefono, o telefone chama e ninguém atende. Ou dizem: está dormindo.
A questão é saber aguentar. Pois a coisa é mesmo assim. Às vezes não se tem nada a fazer e então se faz pipi.
Mas se Deus nos fez assim, que assim sejamos. De mãos abanando. Sem assunto.
Sexta-feira de noite fui a uma festa, eu nem sabia que era aniversário do meu amigo, sua mulher não me dissera. Tinha muita gente. Notei que muitas pessoas se sentiam pouco avontade.
Que faço? Telefone a mim mesma? Vai dar um triste sinal de ocupado, eu sei, uma vez já liguei distraida para o meu próprio número. Como acordo quem está dormindo? como chamo quem quero chamar? o que fazer? Nada: porque é domindo e até Deus descansou. Mas eu trabalhei sozinha o dia inteiro.
Mas agora quem estava dormindo já acordou e vem me ver às oito horas. São seis e cinco.
Estamos no chamado "veranico de maio": grande calor. Meus dedos doem de tanto eu bater à máquina. Com a ponta dos dedos não se brinca. É pela ponta dos dedos que se recebem os fluidos.
Eu deveria ter me oferecido para ir ao enterro do pai da moça? A morte seria hoje de mais para mim. Já sei o que vou fazer: vou comer. Depois eu volto. Fui à cozinha, a cozinheira por acaso não está de folga e vai esquentar comida para mim. Minha cozinheira é enorme de gorda: pesa noventa quilos. Noventa quilos de insegurança, noventa quilos de medo. Tenho vontade de beijar seu rosto preto e liso mas ela não entenderia. Voltei à máquina enquanto ela esquentava a comida. Descobri que estou com fome. Mal posso esperar que ela me chame.
Ah, já sei o que vou fazer: vou mudar de roupa. Depois eu como, e depois volto à máquina. Até já.
Já comi. Estava ótimo. Tomei um pouco de rosé. Agora vou tomar um café. E refrigerar a sala: no Brasil ar-refrigerado não é um luxo, é uma necessidade. Sobretudo para pessoa que, como eu, sofre demais com o calor. São seis e meia. Liguei meu rádio de pilha. Para o Ministério da Educação. Mas que música triste! não é preciso ser triste para ser bem-educado. Vou convidar Chico Buarque, Tom Jobim e Caetano Veloso e que cada um traga a sua viola. Quero alegria, melancolia me mata aos poucos.
Quando a gente começa a se perguntar: para quê? então as coisas não vão bem. E eu estou me perguntando para quê. Mas bem sei que é apenas "por enquanto". São vinte para as sete. E para que é que são vinte para as sete?
Nesse intervalo dei um telefonema e, para o meu gáudio, já são dez para sete. Nunca na vida eu disse essa coisa de "para o meu gáudio". É muito esquisito. De vez enquando eu fico meio machadiana. Por falar em Machado de Assis, estou com saudades dele. Parece mentira mas não tenho nenhum livro dele em minha estante. José de Alencar eu nem me lembro se li alguma vez.
Estou com saudade. Saudades dos meus filhos, sim, carne de minha carne. Carne fraca e eu não li todos os livros. La chair est triste.
Mas a gente fuma e melhora logo. São cinco para as sete. Se me descuido, morro. É muito fácil. É uma questão do relógio parar. Faltam três minutos para as sete. Ligo ou não ligo a televisão? Mas é que é tão chato ver televisão sozinha.
Mas finalmente resolvi e vou ligar a televisão. A gente morre às vezes.

24 de nov. de 2009

Delírio

Não vou buscar
A esperança
Na linha do horizonte
Nem saciar
A sede do futuro

Da fonte do passado
Nada espero
E tudo quero
Sou quem toca
Sou quem dança
Quem na orquestra
Desafina

Quem delira
Sem ter febre

Só o par
E o parceiro
Das verdades
À desconfiança

22 de nov. de 2009

Tesoura do Desejo

Você atravessando aquela rua vestida de negro
E eu te esperando em frente a um certo Bar Leblon
Você se aproximando e eu morrendo de medo
Ali, bem mesmo em frente a um certo Bar Leblon

Quando eu atravessava aquela rua morria de medo
De ver o teu sorriso e começar um velho sonho bom
E o sonho, fatalmente, viraria pesadelo
Ali, bem mesmo em frente a um certo Bar Leblon

- Vamos entrar
- Não tenho tempo
- O que é que houve?
- O que é que há...
- O que é que houve meu amor,
Você cortou os seus cabelos...
- Foi a tesoura do desejo,
Desejo mesmo de mudar

Aconteceu

"Um dia ia abrir a boca na sua roda costumeira no bar da cidade, para dizer um coisa, viu que nao tinha nada a dizer, nao chegou a abrir a boca. Vasculhou-se interiormente, nao encontrou nada; nem uma idéia, um pensamento aproveitável. Estava vazio, literalmente vazio, nada interessava, nada tinha importancia.
- Eu acabei completamente! - descobriu, abismado"

20 de nov. de 2009

Na ausencia das minhas, ha sempre as dela

"Nada existe de mais dificil do que entregar-se ao instante. Esta dificuldade é a dor da humanidade"

C.L

19 de nov. de 2009

O Encontro Marcado

" - Ia lhe dizer agora uma coisa muito importante. Mas é tao importante que prefiro nao dizer. Só é sincero aquilo que nao se diz. Boa Noite."

Fernando Sabino

10 de nov. de 2009

As buscas, o encontro. O reencontro, dois caminhos. Por enquanto...

Como meditado, busque seu nome que eu procurarei buscar o meu.

O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências.Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servido-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, consiguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos sempre as mãos vazias, na medida que tenhamos ganho ou pretendemos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, probre e nu. Este é opreço do encontro, do possível encontro com o outro. A contrução de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece seu nome.

De uma carta de Hélio Pellegrino

'Getting' out of town

Get out of town
Before it's too late my love
Get out of town
Be good to me please

Why wish me harm
Why not retire to a farm
And be contented to charm
The birds off the trees

Just disappear
I care for you much too much
And when you're near, close to me dear
We touch too much

The thrill when we meet is so bittersweet
That darling, it's getting me down
So on your mark get set
Get out of town

Poter Cole

12 de out. de 2009

Karnevalismus


Primeiro trabalho de producao em Berlin. E nao podia ser mais divertido, mais honroso e com artistas mais seletos que estes.

9 de out. de 2009

A entrega do silencio: o crime nao aconteceu e eu sou a única testemunha

Eu preciso dizer-lhe. Eu preciso contar a alguém o meu silencio. Se nao a voce, entao a quem? Há de existir outro que receba com atencao e sem desprezo as avalanches ininterruptas que brotam do meu silencio? Nao, nao acredito. E também já nao posso ser a única a guarda-lo. Nao consigo e nao sei como e nao tenho onde. Nao me cabe mais. A dilatacao seca, o fervor escaldante. O silencio! Escorra! vaze! sangre! Tem alguém ai? Escute! Ele cresce bem aqui! No peito, nas visceras, na memória. Veja! Sinta comigo o calor-vermelhao-berrante. O terrivel isolamento que há na existencia. Quanta solidao há em existir? Todas? A de eu ser eu e mais ninguém? A de voce ser voce e mais ninguém? Como lidar com ela? O infinito acontece em mim e no entanto, ao dissecar-me, eu nada sou além de um corpo. Onde é que se deita esse silencio? Há feridas em minhas maos. Fui obrigada e ainda sou a segurar um nao nao quisto. Carrego uma voz cortante em cordas atrofiadas. Tem alguém ouvindo? Nao! Somente eu com os timpanos furados, os bracos cansados, segurando - o meu silencio. Mas vou dize-lo, quero entregá-lo: a cada virgula que vomito, como uma pausa que anseio, o indizivel se multiplica em exclamacoes. Estas sao as armadilhas do meu silencio. Cada silaba jubilada uni-se a tantas outras formando a perder-se de vista tudo o que nao se enxerga, que so eu sei, porque só eu sinto. E cade voce? Cade? Está escondido no SEU silencio. E me diz, ele tem canto doce ou soa estritende e desafinado? Taciturno, como é vil e poderoso o seu silencio. É cruel e humilhante, ele é o mais puro desamor. Eu busco frestas, respiracoes e trombo com suas muralhas frias e caladas. Proibida em sua vida. Quanta negacao. Outro dia lhe vi na mudez das fotografias. Limpo, cabelos cortados, olhar plácido alheio a dor. Vi nas desaparecidas rodelas que nao mais pousam sob seus olhos toda paz que encontrasse ao perder-se de mim. Eu era o seu terremoto. Mas nao há qualquer suspiro meu nos seus silencios. Está curado, nao é? Poda agora, como se fosse a primeira, uma nova flor. Mas vou contar-lhe um segredo. Nao houve assassinato. O que pensa finito ainda pulsa manco, ainda sangra e pinga tortuosamente no meu silencio. Este meu, enlouquecido pelo seu. Naquele janeiro, naquela última vez, pousamos os dois em camas separadas pelo fim, transformados em assassinos pela exaustao da guerra. Eu e voce, os assassinos do amor. Mas o ato falhou, eu pestanejei. Naquela noite escura e fria ouviu-se o barulho da polvora a estourar. Sobraram extensos os dois silencios. Mas nao houve morte, meu amor. Ele vive em mim. Enquanto alimeta outra boca, um manco mudo se debate de fome no meu peito. Ah! e o quanto eu nao o quero mais. Esse flagelado. Eu o sufoco e ele me sufoca. Eu o arranho e ele me arranha. E nao há morte, mesmo que eu a queira, mesmo que eu a invoque. Só o ardor de cortes e feridas dessa luta, a minha contra a dele. E eu preciso de morte. Ela é a condicao do meu nascer. Mas parece sem fim a gestacao. Sobram-me chutes no estomago, reflexos epilepticos dos silencios que guardei. Nao posso mais com esse purgatorio. Estao pagos os meus pecados. Só no ruir de algum movimento seu é que ei de cair e de morrer e de nascer novamente. Por isso, quando eu lhe pedir, nao negue o reencontro. Ele será breve e mudo. Pelos seus olhos o imperante silencio que se alonga desde aquela noite ha de cantar o canto infinito do que nao pode ser dito. E ei de ouvir todo o discurso e de receber o corpo do amor sem vida. E acreditarei, com as maos que encostam no gelado concreto, sem a sombra da dúvida que alimente a teimosa esperanca, sem o E se que nao cansa, que jaza morto. E toda secura estática que mora no meu silencio ha de escorrer em pranto. E enfim, ei de velar-lhe, chorar, cobrir-lhe, ninar-lhe e enterrar-lhe.

27 de set. de 2009

Ai de mim que delicia

Meu coracao vagabundo quer guardar o mundo em mim

25 de set. de 2009

Fico ou nao fico? Fico.

Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração...

24 de set. de 2009

Aufrichtigkeit

De onde vem os bebes? Nada como a sutil objetividade alema para explicar, como é de costume deles, sem meias palavras. O livro didatico é distribuido nas escolas. Ímagens práticas, legendas descerimoniosas. Como li no email que recebei, a cegonha suicidou-se após a publicacao do livro. Eu adorei!

























28 de ago. de 2009

É primavera?

A dor que acompanhava o rebentar de brotos

12 de ago. de 2009

Um gole de vinho. Uma ameaca de insonia. A arte dele. Um pedaco de mim

Há noites minguantes em que temo dormir. Nestas, leio compulsivamente. Minto olhando-me nos olhos - jamais pararei. Sigo nas linhas fugindo do inevitavel, do cair no próximo momento: o silencio e a escuridao quando resolvem me encostar. Ontem foi assim. Devorei ofegante como um animal faminto e selvagem todo o Trópico de Cancer, o grito e o desabafo verborragico e tragicomico de Miller. Corri pelas páginas num gozo tépido, temendo parar e ficar sem saber o que fazer de mim. Leitura sado que veio dar na cara. Alcool derramado em feridas abertas. Eu me agarrando a ele desesperadamente. Uma dupla flagelada, mas sedenta, em pé e em frente. Um prazer mórbido ao descobrir em nova dor uma forca desconhecida, sobrevivente. Um desafio a coragem, uma afronta ao medo. Seguia pelas páginas como se fossem preludios vencidos da minha própria vida. Sem piedade, porém cheias de bom humor. A verdade nua e crua, provocante, me chamando á cama, mordiscando os lábios gordos e rubros. A seducao regurgitada de toda essa vida, esse ser e existir de um capitulo tao sórdido e tao belo. E me rendi plácida e inteira, a ele e a mim. A caminhada bebada e equilibristas da madrugada que há em todo dia. A estranha beleza das melancolias, o sliencio inquieto daquilo que sangra enquanto revela o colo fertil e vivaz. Sim. Ontem foi assim. Um embriagante deleite compulsivo nervoso nas páginas espelhadas de um louco avante, um despatriado americano, ironico e escrachado, fazendo piadas das suas insanas e divertidas misérias na Paris de 30. Sou um cliche anonimo das repeticoes do tempo. Enfada, consigo enfim dormir.

10 de ago. de 2009


" Tudo o que está no passado parece ter caido no mar; tenho lembrancas, mas as imagens perderam a nitidez, parecem mortas e desconexas como múmias corroidas pelo tempo e afundadas num pantano. Se tento lembrar minha vida em Nova York, consigo uns estilhacos assustadores e cheios de ferrugens. Dá a impressao de que a minha vida acabou em algum lugar, nao sei exatamente onde. Nao sou mais americano nem novaiorquino e menos ainda europeu ou parisiense. Nao tenho qualquer obrigacao de lealdade, responsabilidades, ódios, preocupacoes, preconceitos, qualquer paixao. Nao sou a favor nem contra. Sou neutro"
Trecho de Tropico de Cancer - Henry Miller

2 de ago. de 2009

Ebulindo

No meu corpo
sangue nao corre nao
Corre fogo e lava de vulcao

1 de ago. de 2009

Eu: um Q de...

E como nasci? Por um quase. Podia ser outra. Podia ser um homem. Felizmente nasci mulher. E vaidosa. Prefiro que saia um bom retrato meu no jornal do que os elogios.

Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo".

E ninguém é eu, e ninguém é voce. Esta é a solidao

23 de mai. de 2009

P.L

Nao teve jeito. Hoje foi com ele que eu bebi. E ele disse tudo...

"não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino"

Paulo Leminski

Atraso Pontual

"Ontens e hojes, amores e ódio,
adianta consultar o relogio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraçasvem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?"

Paulo Leminski

Parada Cardíaca

"Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.

Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento."

Paulo Leminski

Leminskiando

"isso de querer ser
exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai nos levar além"

Amor e Morte

"vida e morte
amor e dúvida
dor e sorte

quem for louco
que volte"

Leminski

20 de mai. de 2009

Saramago e seus acasos

Como me ensinou uma grande amiga...

"..., O que tem de ser, tem de ser, e tem muita forca, nao se pode resitir-lhe, mil vezes o ouvi à gente mais velha. Acredita na fatalidade, Acredito no que tem de ser (...).
Sabido que todo efeito tem sua causa, e esta é uma universal verdade, porém, nao é possivel evitar alguns erros de juizo, ou de simples identificacao, pois acontece de considerarmos que este efeito provém daquela causa, quando afinal ela foi outra, muito fora do alcance do entendimento que temos e da ciencia que julgávamos ter."

Trecho de A Jangada de Pedra

15 de mai. de 2009

...

Eu nao sei. Mas um dia vou saber...

4 de mai. de 2009

O Grande Encontro

Chega em casa. Reina o silencio de sempre. O mesmo que de início a angustiava, tornou-se um amigo, seu deleite de paz. Coloca a bolsa amarela sobre a mesa de centro, desabotoua o casaco e deixa que o algodao do lenco deslize pelo seu pescoco enquanto sente seu próprio perfume. Joga as pecas na velha poltrona encostada á parede e acende delicadamente cada um dos abajures. Vai até a cozinha, abre a geladeira - nem vazia, nem farta - pega o suco de maca e toma-o todo, num único gole. É incrivel a sede que vem sentindo. Volta a sala, enrola e acende um cigarro. Apoia o cinzeiro na mesa e o som agudo da porcelana na madeira ecoa pelo ar. Pode ouvir cada um de seus movimentos, cada ruido da casa com brilhante nitidez. Encosta-se. Aquela estranha sensacao volta a tomar sua alma. Sempre na solidao desse canto sente como se o mundo, o tempo, a vida congelasse do lado de fora. Sente-se como se estivesse grávida de si. Nao. Sente-se gestada por si, acolhida e protejida em seu próprio útero. O coracao dispara. Ela respira. Deixa a fumaca sair pela boca. "Está tudo bem", diz de si para si. A cabeca cai na borda do sofa e os olhos deslizam pela casa. Ela se reconhece alegre na reuniao daquela mobilha. Nessa casa, pela primeira vez tao e somente sua, compreende-se a si mesma e gosta. Nunca imaginou-a assim, e no entanto, ela vai além do que sentia-se capaz de fazer, além do que sentia-se capaz de ser. Alias, nao tinha qualquer pretensao de que ela se tornasse assim, tao especial. Sua casa, seu canto, seu colo aconteceu tao lentamente, tao naturalmente, que quando deu-se por si, já existia. O antigo sofa de veludo encontrado em frente ao seu prédio no dia do fechamento do contrato, o aboujur frances barganhado no mercado de pulgas, um retrato seu pintado por uma amiga que partiu, as estantes recheados pelos livros que leu, o poster comprado numa cidade polonesa, o palhaco de argila dado pelo pai, o tapete de chita trazido pela mae, os post its espalhados pela parede lembrando o que ainda deve ser feito, a máquinha de lavar grafitada comprada numa tarde de verao, o relógio quebrado que leva a inscricao Made in Deutschland DDR. Quase tudo que tem foi dado ou encontrado. Cada movel foi trazido com a ajuda de uma mao amiga diferente. Foram chegando aos poucos, como quem forma uma família. Uns vieram no frio, outros em chuva, alguns ainda cobertos por flores da estacao. Nos poucos metros quadrados da casa, nasceram pequenos cantos, cada um para um estado de espirto dela. Ali ela aprendeu a lavar e cozinhar, a dormir solitaria no escuro ou aguentar sem desespero as noites de insonia, a engolir a dor e se consolar, a rir e falar sozinha, a cair e levantar.

Ela volta a respirar. Passaram-se horas, mas ela nao sente. Acende outro cigarro, o silencio continua o mesmo. Acariciando o fiel amigo, ela escorrega a mao pelo sofa e quase agradece pelas pessoas que ele recebeu. Amigos de passagem, cheios de destinos, amigos da cidade que perderam o último trem. Os olhos caem para o chao. O carpete tem tantas marcas. Tacas de vinho derramadas, buracos de cigarro, tinta acrílica, até chumbo derretido das brincadeiras do reveillon e pequeninos cacos de vidro ainda perdidos que vez ou outra cortam seu pé lembrando um dia de desilusao. Entao ela sorri! sorri largo e espontaneamente à si. "Sao repetidamente intensos meus encontros comigo aqui. E eles nao cessam nunca, nem perdem sua forca!" Templo da sincera entraga de si para si, essa casa surge surpriendentemente como a primeira exteriorizacao concreta do que é e nem sabia-se sendo. Como uma flor que brota sem ser plantada, fruto da única razao de querer tanto existir.

21 de abr. de 2009

A descoberta da Vida

A cada viagem que faco, a cada visita que recebo, a cada passeio que dou, palavra que aprendo, pessoa que conheco, a cada flor que brota, a cada sorriso que ganho, a cada paisagem que contemplo, alguma coisa dentro de mim dilata. Em toda decisao tomada, passo dado, dor compreendida, em todo momento vivido na presenca, na reuniao de tudo que sou, algum nó se desfaz em mim, alguma luz se acende, algum medo se perde. Tudo que existe me diz alguma coisa. Nessas pequenas e graduais iluminacoes liberto o eu de alguma coisa que nao é. Deixo o eu livre para ser cada vez mais eu. A compreensao se revela em seu tempo, o caminho mostra seu sentido. E entendo! Nao devo me tornar nada. Sou a cada instante o maximo que poderia ser. E quanto mais compreendo e vivo isso, mais sou, mais me sensibilizo com existir. E eu está ficando imensa, e a vida esta ficando imensa. Depois do frio, da solidao, do vazio, do sono, do desespero, do perder-se, do cinza tudo dentro de mim, assim como tudo a minha volta, renasce, acorda se abre mais forte, mais vivo, mais sedento, mais faminto do que um dia já foi. Hoje percebo as pedras pelas quais passei e agradeco imensamente ao que cada uma delas me disse e me fez sentir. A vida tem seus segredos. Os milagres só existem para aqueles que acreditam. A busca deve ser desmedida, pois é infinita. Até a lama tem sua beleza, até a melancolia tem seu charme e a dor pode ser bonita pq tb é uma forma de enxergar e de nos fazer entender com maior valor aquilo que nao é dor. O importante é beber do limao sem, no entanto, se deixar azedar. Depois do amargo, o mesmo doce de antes torna-se mel. Passar pelos ventos da vida sem cair nas armadilhas faceis do medo, da raiva, do desamor e do ego, acabam por nos colorir. A vida é uma só. Essa foi a grande compreensao. E nao gostar do milagre do eu ou ser pela metade seria um desrespeito ao grande milagre, seria enfim, o maior de todos os pecados. O eu e o agora sao as unica coisas que me pertencem. E que seja assim sempre. Amém

15 de abr. de 2009

Elas sao muitas por aqui

"Ich war, ich bin, ich werde sein"
Rosa Luxemburg

13 de abr. de 2009

Pq isso tb quis me dizer aguma coisa

Rumo a Paris. Antes mesmo de chegar, a cidade das luzes já conta alguns segredos e dá uma prévia dos milagres que podem acontecer por lá.
Por Caio Fernando de Abreu

Paris — Toda vez que chego a Paris tenho um ritual particular. Depois de dormir algumas horas, dou uma espanada no rodenirterceiromundista e vou até Notre-Dame. Acendo vela, rezo, fico olhando a catedral imensa no coração do Ocidente. Sempre penso em Joana d’Arc, heroína dos meus remotos 12 anos; no caminho de Santiago de Compostela, do qual Notre-Dame é o ponto de partida — e em minha mãe, professora de História que, entre tantas coisas mais, me ensinou essa paixão pelo mundo e pelo tempo.

Sempre acontecem coisas quando vou a Notre-Dame. Certa vez, encontrei um conhecido de Porto Alegre que não via pelo menos á2o anos. Outra, chegando de uma temporada penosa numa Londres congelada e aterrorizada por bombas do IRA, na época da Guerra do Golfo, tropecei numa greve de fome de curdos no jardim em frente. Na mais bonita dessas vezes, eu estava tristíssimo. Há meses não havia sol, ninguém mandava notícias de lugar algum, o dinheiro estava no fim, pessoas que eu considerava amigas tinham sido cruéis e desonestas. Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo — nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver “como um danado”,feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.

Enrolado num capotão da Segunda Guerra, naquela tarde em Notre-Dame rezei, acendi vela, pensei coisas do passado, da fantasia e memória, depois saí a caminhar. Parei numa vitrina cheia de obras do conde Saint-Germain, me perdi pelos bulevares da le dela Cité. Então sentei num banco do Quai de Bourbon, de costas para o Sena, acendi um cigarro e olhei para a casa em frente, no outro lado da rua. Na fachada estragada pelo tempo lia-se numa placa: “II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) — frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia aplaca, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.

Fazia frio, garoava fino sobre o Sena, daquelas garoas tão finas que mal chegam a molhar um cigarro. Copiei a frase numa agenda. E seja lá o que possa significar “ficar bem” dentro desse desconforto inseparável da condição, naquele momento justo e breve — fiquei bem. Tomei um Calvados, entrei numa galeria para ver os desenhos de Egon Schiele enquanto a frase de Camille assentava aos poucos na cabeça. Que algo sempre nos falta — o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta.

Como a vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vezenquando só vai ser arrematado lá na frente. Três anos depois fui parar em Saint-Nazaire, cidadezinha no estuário do rio Loire, fronteira sul da Bretanha. Lá, escrevi uma novela chamada Bem longe de Marienbad , homenagem mais à canção de Barbara que ao filme de Resnais. Uma tarde saí a caminhar procurando na mente uma epígrafe para o texto. Por “acaso”, fui dar na frente de um centro cultural chamado (oh!) Camille Claudel. Lembrei da agenda antiga, fui remexer papéis. E lá estava aquela frase que eu nem lembrava mais e era, sim, a epígrafe e síntese (quem sabe epitáfio, um dia) não só daquele texto, mas de todos os outros que escrevi até hoje. E do que não escrevi, mas vivi e vivo e viverei.

Pego o metrô, vou conferir. Continua lá, a placa na fachada da casa número 1 do Quai de Bourbon, no mesmo lugar. Quando um dia você vier a Paris, procure. E se não vier, para seu próprio bem guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo.

Caio Fernando de Abreu
O Estado de S. Paulo, 3/4/1994

23 de mar. de 2009

Conversas de alma - A Primavera

Porque conversar com a Ve é sempre um milgare...

...
Fe: ... é, temporada de ventos...
Ve: Voce ja parou pra pensar... se o vento tivesse cor?
Fe: Nossa, Ve. Nao. Obrigada
Ve: A gente poderia ver a sua danca
Fe: E talvez ele levantasse purpurina...
Ve: E que cor ele teria agora, trazendo a primavera?
Fe: Todas... mas delicadamente. Na calma e no silencio de berlin
Ve: Na calma e no silencio de Berlin... Ja tem umas florzinhas brotando em alguns parques, eu vi.
Fe: Perto da F.U comecam a nascer agora umas pequeninhas e brancas, parecem com aquela flor - como é que ela chama mesmo? -... nossa... Primavera. Elas parecem primaveras...

12 de mar. de 2009

Tourando-se




Pra começar
Quem vai colar
Os tais caquinhos
Do velho mundo

Pátrias, Famílias, Religiões
E preconceitos
Quebrou não tem mais jeito

Agora descubra de verdade
O que você ama...
Que tudo pode ser seu

Se tudo caiu
Que tudo caia
Pois tudo raia
E o mundo pode ser seu

Pra terminar.
Quem vai colar
Os tais caquinhos
Do velho mundo...

6 de mar. de 2009

Uma brincadeira em homenagem a toda saudade ahahaha


Eh saudade que nao satura
Eh saudade saúva
Mas é santa tal saudade
Porque é santa a amizade
Eh saudade que nao sabe ser sa
Eh saudade que nao sabe ser só
Salpica de sal a saliva
Sirva, saudade
sirva na sede tal´amizade

Eh saudade, sendo assim tal como um selvagem
Salde as centenas de leguas salgadas e submarinas
Seja em si o salto do cem para o sem
Salde, saudade, na seta
Salde essa amizade

Eh saudade
sendo assim insana no sentir-se
Sê, no entanto, simples em saber-se
Salve-se em cada silaba sentida desse salmo
Salve, saudade
Salve e sê essa amizade

Eh saudade
Sendo assim um sinal de sina,
Sê sempre a servical que nos segura
Um servo á nossa saúde
Saude, saudade
Saude simplesmente essa amizade

Oh saudade
Seja do só
O salto dos sais dos solos de lá
Para os raros sais dos solos de cá.

Seja, enfim, o sessar, saudade
A saída por si só
A solucao para a amizade





15 de fev. de 2009

Was machst du in Berlin?


Piktors Verwandlungen (transformacao, mutacao) von Hermann Hesse


E olhava com um sorriso ironico e cansado à amiga ao lado que tantas vezes me viu sem saber como dar essa resposta. Nao que nao soubesse. Sabia. Mas nao exatamente. E havia o medo de que as palavras mentissem por mim. Já faz um ano que faco, que sou tanto e o tempo todo. É fevereiro. É domingo. Neva lá fora. Ou serao sapos? E a resposta nasce de um amigo alemao. "Só me interessam os passos que tive de dar na vida para chegar a mim mesmo. A verdadeira profissao do homem é encontrar seu caminho para si mesmo". Hermann Hesse

12 de fev. de 2009

Espantos Lentos


Eu sou o que nao morre nunca. Eu renasco. Espantos lentos. Há muito mundo. Há muita vida. Falta-me ar. Há algo no peito. Há peito. Em todos os seus sentidos. Há eu como nao havia antes. Há um caminho que nao tem pressa, mas nao perde tempo. Tempo. Dono das gavetas que guardam os segredos do mundo. Solo fértil. Andei chovendo. Estou brotando. E as raizes se agarram no que há de profundo do eu. O melhor lugar é ser feliz. O melhor lugar sou eu. E eu anda. E eu quer voar. Existir é mágica sem fundo falso. Nao há truques. Há milagres. E o maior deles está em navegar pelo infinito. O corpo é a fronteira entre duas imensidoes. A vida um doce mistério.

23 de jan. de 2009

Individualizacao


Jung trilhou a individuação, pois havia a necessidade imperiosa nele de ir ao inferno e voltar para poder mostrar o caminho da volta àqueles que ficaram perdidos pelo caminho da vida. Tornou-se ele uma resposta sincera e corajosa ao nosso tempo. "Sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minha resposta; caso contrário, estarei reduzido à resposta que o mundo me der".

21 de jan. de 2009

Anjos em minha vida


Ve, li essa materia no blog da rachel nunes e fiquei pensando...
Pensando no quanto a natureza tem a nos ensinar e o quanto temos nos tornado ignorantes ao despercebe-la.
Foi isso que de certa forma me ensinou hermann hesse, a buscar na natureza aulas de vida. Em como ela pode ser uma fonte de inspiracao ao mesmo tempo que nos ensina com tanta poesia como a vida é bela e crua.
Como nesses programas de televisao sobre os animais e sistemas. Toda a beleza, as cores, e musica natural num ritimado silenciso, que as vezes pode ser tao alto que assusta. Nao consigo assistir um predador cacanco sua presa.
E por que? sera que na minha vida arredomada de vidro nao aprendi o essencial? Sera mesmo que nasci privilegiada, ou todo esse perigo que me é negado acaba me faltando no final? O Netuno tem razao. O ato nao está, por exemplo, em ser vegetariano. Nao estamos sendo coerentes assim. O que deveriamos era matar tudo que comemos, para assim saber que para vivermos, uma outra vida se doa. Assim nasce o respeito. E talvez ao ouvir os gritos de desespero de um animal no abatedouro, pensaremos
muitas vezes mais antes de jogar comida fora.

A teoria demasiada vem me traindo. Nunca fui academica. Tudo que realmente sei aprendi na pratica. No entanto tenho confabulado tantas ideias e quase nao as colocando em pratica. Montar uma estrategia de guerra é uma coisa, estar no campo de batalha é outra bem mais complicada. E quando estamos nele, vemos que tudo ao que realmente nos prendemos, na hora real fica pequeno. Os detalhes sao os que realmente nos ensinam e é neles que pescamos o respeito. Ser garconete tem me dado, assim como todo resto em minha vida, muito mais que a expetiencia em restaurante. Mas principalmente, me trouxe novas questaoes de vida. E como tudo isso é mais importante, mais belo, né ve?

O Netuno uma vez me falou que quando ia trabalhar no museu pedia para que cada visitante viesse com seu anjo. Assim nao seria um encontro entre homens, mas sim uma reuniao celestial. Quando estou com voce me sinto assim. Como se estivessemos entre anjos. Obrigada por me proporcianor momentos tao intensos de alma. Nunca imaginei que pudesse ser assim.

Ate amanha
Bjinhos
Fe

O título - a natureza é só uma parte da equação - está na página 95 de O filho eterno, romance muito premiado do brasileiro Cristovão Tezza. O livro é sobre isso: narrar as minúcias muitas, as perplexidades humanas, suas dúvidas, fraquezas. Pesar as partes da equação, reconhecer o dado do natural e quedar-se algo derrotado sob um fato incontornável: um filho eternamente filho, com Síndrome de Down, retardado, mongolóide, desprezível (por que não morre? tantas vezes pergunta o pai), mas filho, que não aprende e de alguma forma ensina, provoca ações e reações que Tezza tenta penetrar em profundidade, sob as regras da ficção, em um problema que lhe é presente: de fato, o escritor é pai de um filho com Síndrome de Down. Comecei sublinhando trechos e mais trechos; por fim desisti, pois teria que, praticamente, sublinhar o livro inteiro. Não é, ao contrário do que possam pensar alguns, "literatura edificante", de autoajuda. Para Tezza, o dia amanhecerá, independentemente das forças - a favor ou contra. Então ele destrói, reconstrói, destrói de novo o mundo à sua volta, mas este lhe volta intacto, destruindo e reconstruindo o autor, em um moto perpétuo entre o acaso e a estupidez, que o autor vê em si e refletida no filho. Se revolta, vão e sonhador; resulta disso uma fileira de obras e este último romance, nascido da idéia melancólica, brutal, cruel, de um mundo representado pelas idéias que o alimentam. Cada página, é, assim, um romance inteiro, recender à vida nas palavras que nos queimam. Ao final, as conciliações possíveis, e o encontro improvável, no futebol, da compreensão de um enredo comum a ele e ao filho: "Bandeira rubro-negra devidamente desfraldada na janela, guerreiros de brincadeira, vão enfim para a frente da televisão - o jogo começa mais uma vez. Nenhum dos dois tem a mínima idéia de como vai acabar, e isso é muito bom".

20 de jan. de 2009

Palavras do meu super homem

Cara Filha,

Ao ler um artigo em blog de ciência colhi a seguinte frase em alemão "Glück des Tüchtigen" o que significa, pelo menos pela tradução do blogueiro, " a sorte dos esforçados", dando, pela ética da cultura alemã do trabalho, o contrassenso, porém indicando, que só existe sorte para quem se esforça.

Pois bem, posso dizer que esta frase cabe a vc, tanto pelo que vc ja fez, e principalmente pelo que vc vem fazendo a longo dos últimos meses. Tenha muita sorte.

Um grande bj e saudades. pai