14 de abr. de 2008

Um achado


Era domingo e eu estava fora. De repente, não sei se por cansaço de corpo ou se por cansaço de alma, me bateu uma angústia. Nada que me matasse, mas entendi que eu me pedia para ir. Resolvi ter coragem de medo e fiz um caminho diferente. O tempo estava agradavel, a noite estava caindo, eu tinha música. Me perdi, me achei. Senti medo, respirei. Ensaiei chorar, sorri. Quis gritar, calei. Falamos. Quase não me lembro sobre o que, apenas sei que eu eramos muitos. Cheguei e dormi. Acordei indifenrente a mim, exausta de tanto tentar ser. Tomei um banho, tomei um café, tomei coragem e sai. Já no ponto de onibus, acendi um cigarro. Enquanto pensava em como um dia cinza poderia terminar azul, coloquei a mão no bolso e senti um papel. Era um guarda-napo estreito que levava um texto sem assinatura e que seguia exatamente assim:

"Estive doente, doente
de tudo, dos olhos
da boca, dos nervos até,
dos olhos que viram
mulheres perfeitas
da boca que diz 
poemas em brasa,
dos nervos manchados
de fumo e café
estive doente, doente
de tudo, estou em
respouso, não posso
escrever, eu quero
um punhado de 
estrelas maduras,
eu quero a doçura
do verbo viver..."

Foi o primeiro milagre do dia...

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