Como meditado, busque seu nome que eu procurarei buscar o meu.
O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências.Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servido-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, consiguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos sempre as mãos vazias, na medida que tenhamos ganho ou pretendemos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, probre e nu. Este é opreço do encontro, do possível encontro com o outro. A contrução de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece seu nome.
De uma carta de Hélio Pellegrino
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