5 de fev. de 2008

Meu primeiro amor

Por muitos anos ouvi falar dele. Via-o em fotografias, lia sobre ele em livros e escutava versos que o cantavam. Por muitas vezes achei tê-lo conhecido, mas era meninice, era muita vontade de tê-lo. Até que em uma tarde cotidiana, sentada no lugar de sempre com os já conhecidos amigos, ele passou por mim, divertido e brincalhão. De pronto não o reconheci, achei que fosse a paixão mais uma vez me atiçando. E ele veio de mansinho, me apresentando seu corpo, seu osso e sua alma. Fui aos poucos sentindo seu furor, seu calor e toda a sua transformação. Quanto mais ele se ocupava de mim, mais eu flutuava. De repente tudo fez sentindo. Era o amor.

Acho que o termo virgindade deveria ser usado para aqueles que nunca viveram um amor. O amor, no seu contexto mais profundo e verdadeiro, também só existe quando é sustentado por duas pessoas, reciprocamente. Mas a primeira passagem por ele é muita mais forte e reveladora que qualquer outra experiência. É de todas a mais nobre, a mais prazerosa e a mais completa.

Mas como em toda primeira vez, eu não soube direito o que fazer. Fui estabanada e muitas vezes tropecei. E errei tanto e tão desesperadamente, que as linhas se enroscaram, as palavras gaguejaram e o tom desafinou. Era a minha primeira vez, mas não era a dele. E por mais que ele tivesse errado na primeira, não errou feio como eu. E se desconcertou com a bagunça que fiz. E foi tudo tão irremediável, que não me há chance nem em outro amor, pois aprendi a só amar ele. Meu primeiro amor será o único para sempre, mas ele está à procura de um novo amor, menos desastrado que eu.

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